Em Camacan, no sul da Bahia, gravíssimas denúncias acerca da atual gestão municipal apontam para superfaturamento em contratos diversos de locação de veículos, cujos valores são impressionantes e capazes de causar indignação e revolta por parte da população. O prefeito Paulo do Gás vem sendo duramente criticado em variados âmbitos de sua gestão, e nesse quesito não é diferente. A começar pelos números apresentados na denúncia que tratam da locação de uma pick-up Fiat Toro, de cor branca e placa Mercosul RDI-2E10, locada ao gabinete do citado prefeito. Os valores referentes a este veículo atingem uma média de aproximadamente R$ 15 mil, por mês. Ao longo de quatro anos, o montante chega perto dos R$ 720 mil. E os casos de superfaturamento não param por aí.
Ano após ano, de acordo com documentos apresentados na denúncia, fundamentados em relatos do Tribunal de Contas dos Municípios, os valores são exorbitantes: em 2021, mais de R$ 102 mil. No ano seguinte, esse número sobe para mais de R$ 2.4 milhões, dentre veículos convencionais e máquinas pesadas motorizadas. Em 2023, os índices são ainda mais absurdos e apontam que a prefeitura de Camacan gastou em contratos de locação de veículos mais de R$ 3.1 milhões. No levantamento parcial de 2021 até o mês de julho de 2024, já foram gastos mais de R$ 8 milhões de reais.
Cansada de tanto dinheiro jogado fora e sedenta por mudanças na gestão do município, a população exige explicações plausíveis que justifique tamanho superfaturamento. Para piorar a situação e contrastar com a realidade, vários veículos de setores da prefeitura estão sucateados, e o quadro agrava-se ainda mais. É o caso da Guarda Civil Municipal, por exemplo. O GCM Oliveira, representante da Comissão da Guarda Civil local, falou com nossa equipe de reportagem e relatou a precariedade de veículos disponibilizados para a adequada atuação dos agentes. Segundo ele, a GCM tinha em 2018, quando foi fundada, quatro motocicletas, um Ford Ka novo, uma Pajero cedida pela Polícia Federal, além de um caminhão para recolhimento de animais. Hoje, no entanto, a corporação está sem nenhum veículo à sua disposição, de modo que, os agentes têm realizado as rondas à pé. Por falta de manutenção, os veículos foram se deteriorando, e o descaso do prefeito para com esta situação, tem causado insatisfação generalizada.
No setor de Saúde, duas ambulâncias estão paradas, encostadas em uma oficina, e também há denúncias de uma pá carregadeira sa marca New Holland, que, mesmo parada na oficina há mais de um ano, continuam aparecendo processos de pagamentos de notas de combustível e de óleo lubrificante. Casos graves que revelam uma gestão incompetente, inadequada, e, no mínimo, suspeita. Não a toa, nas ruas e praças do município, os pedidos da população são de mudanças na política local. Nossa equipe de reportagem esteve na prefeitura para indagar ao prefeito Paulo do Gás sobre estes dados alarmantes, mas fomos informados de que o alcaide não se encontrava, tampouco algum representante do gabinete que pudesse nos atender.
E em meio ao caos nos contratos superfaturados de locação, as estradas vicinais de zonas rurais do município estão completamente abandonadas. Nós ouvimos condutores de carros e motos oriundos de regiões rurais como Vinhático e Via Bagó, por exemplo, os relatos são unânimes. Abandono, descaso e precariedade. Situações graves que revelam uma gestão pífia e cuja resposta da população poderá ser dada no pleito que está por vir. Uma cidade da relevância que Camacan tem, com a tradição que o município tem, merece muito mais do que o prefeito vem fazendo, ou deixando de fazer.