O produtor cultural Jonas Bueno, de 30 anos, denuncia que foi vítima de injúria racial enquanto trabalhava para a Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) no carnaval de Salvador. O caso ocorreu no domingo (11), no Largo do Pelourinho.
Em entrevista à TV Bahia, ele conta que foi à escola que servia de base da equipe para retirar seus R$ 25 de diária para alimentação quando a violência aconteceu.
Ao chegar no local, Bueno teria sido convocado a se retirar do espaço por duas mulheres, mesmo diante da presença de outras pessoas, também aguardando o benefício. "Uma delas parou e me perguntou o que eu estava fazendo ali, que era pra eu sair, me retirar", relatou antes de reproduzir o que ouviu de uma das funcionárias:
"Porque eu estou mexendo com dinheiro e não estou me sentindo confortável com você aqui, a gente está sem segurança".
Bueno acrescenta que, em seguida, dois seguranças chegaram ao local e o acompanharam durante os cerca de 30 minutos que ele passou na fila.
Em resposta, o produtor cobrou o nome das mulheres, sendo respondido por uma delas. Ele registrou o caso na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), onde recebeu acolhimento e também na Polícia Civil.
Em nota, a instituição afirma que o caso de injúria é investigado pela 1ª Delegacia dos Barris. A Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid) vai intimar os envolvidos.
De acordo com a polícia, cinco casos de racismo foram registrados no carnaval nos postos Servvir. Já a Secult disse que determinou o afastamento imediato das pessoas envolvidas no caso assim que tomou conhecimento da denúncia. A pasta informou que trata-se de uma empresa terceirizada, que venceu um processo licitatório para prestar serviços durante a folia.
"O próprio secretário de cultura entrou em contato com o produtor para prestar solidariedade e pedir desculpas pelo ocorrido. A Secult-BA incentivou a denúncia realizada pela vítima aos órgãos competentes, continuará acompanhando o caso de perto e não compactua com qualquer tipo de discriminação nos postos Servvir".
Bueno confirmou a ligação do secretário Bruno Monteiro, mas cobrou ações práticas e efetivas da gestão estadual. "Ele conversou que está à disposição, vai chamar as pessoas pra entender melhor, mas precisa sair da narrativa. As pessoas precisam ser punidas por isso".
Pai de um menino, o produtor ressaltou que não quer ver seu filho sofrer violência semelhante. Bueno afirmou que sequer teve condição de ir trabalhar na segunda (12) e terça-feira (13) após o impacto do que sofreu.