O advogado da mulher negra que foi expulsa, na madrugada deste sábado (29), de um avião da Gol que faria a rota entre Salvador e São Paulo, afirmou que viu racismo estrutural no caso e disse que ela está muito abalada. Conteúdo do G1/Bahia
“A gente está buscando a responsabilização de todas as pessoas que lesaram o direito de Samantha. Isso envolve companhia aérea, pessoas físicas e está no processo de estruturação”, disse Fernando Santos.
“O racismo é um indutor do processo. Nós estamos estudando uma forma de como esse racismo estrutural vai se manifestar no meio jurídico”, explicou.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a passageira Samantha Vitena questionando, dentro do avião, a abordagem de três homens da Polícia Federal que a tiraram do voo.
A Gol informou que a mulher não seguiu viagem porque "não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas". Em nota, a companhia disse que Samantha foi retirada por "medida de segurança".
Samantha Vitena mora em São Paulo e é coordenadora de Educação do Instituto Identidades do Brasil (IDBR), uma ONG que se dedica à igualdade racial, com sede no Rio de Janeiro.
Ela também é mestranda em Bioética da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“A Samantha está muito abalada, porque foi um fato muito traumático para ela e a família. Foram momentos de verdadeiros terror”, contou o advogado da passageira.
Após ser expulsa da aeronave, Samantha Vitena foi ouvida por agentes da Polícia Federal (PF) e liberada. Segundo Fernando Santos, ela já está com familiares, em São Paulo. "A própria companhia se colocou à disponível para colocar ela em outro voo”, contou.
Entenda o caso
Segundo uma testemunha, a jornalista Elaine Hazin, Samantha foi ignorada por comissários quando precisou de lugar para guardar sua mochila no bagageiro dentro do avião. Em seguida, como Samantha não encontrou lugar para a mochila, a tripulação pediu que ela fosse despachada, mas a passageira se negou a despachar, devido ao risco de dano ao seu computador, que estava lá dentro.