Vítimas da covid-19 e pessoas que perderam familiares para o coronavírus contaram histórias de dor e sofrimento em depoimentos, nesta segunda-feira, à CPI do Senado que investiga as falhas do governo federal no enfrentamento à pandemia, relembrando algumas das 603.282 pessoas que morreram no Brasil devido à doença.
“Nossa dor não é mimimi, não é normal, nós não somos palhaços”, disse, emocionado, o taxista Márcio Antônio Silva, que perdeu o filho de 25 anos para a covid-19 em abril do ano passado.
Ele ficou conhecido por recolocar cruzes nas areias das praias de Copacabana, no Rio de Janeiro, que tinham sido derrubadas por uma pessoa que tentou destruir um ato organizado pela ONG Rio de Paz em homenagem às vítimas da doença.
Silva cobrou um pedido de desculpas do presidente Jair Bolsonaro às vítimas e a seus familiares, e citou frases ditas por Bolsonaro minimizando o sofrimento deles, como quando o presidente disse que as pessoas tinham que parar de “frescura” e “mimimi” e quando o presidente respondeu “e daí?”, quando questionado sobre o número de óbitos por covid no Brasil.
“Acho que nós merecíamos um pedido de desculpas da maior autoridade do país, porque não é questão política, se é de um partido ou de outro, nós estamos falando de vidas”, afirmou, depois de contar em detalhes os últimos momentos ao lado do filho em um hospital do Rio de Janeiro.
Kátia dos Santos perdeu o pai e a mãe para a covid em março desde ano, e lamentou que ambos não tenham conseguido tomar a vacina a tempo porque não havia doses suficientes no Brasil. No caso da mãe, ela ainda foi tratada no hospital com o chamado “kit Covid” formado por diversos medicamentos sem eficácia contra a doença, mas defendido por Bolsonaro e por apoiadores do presidente como forma de tratar a doença.