Nesta quarta-feira (06), Itabuna foi “acordada” com uma megaoperação da Polícia Civil, de combate ao crime organizado, pivô de inúmeros ataques sangrentos na cidade, além de roubos de carro e tráfico de drogas. A ação, que envolveu, aproximadamente, 40 agentes e oito policiais militares, apertou o cerco contra uma quadrilha no bairro Vila das Dores ou “Alto dos Canecos”, como é mais conhecido.
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Wesley, o “Lélis |
Um dos acusados, no entanto, reagiu e, no confronto, acabou sendo baleado. Trata-se de Wesley, o “Lélis”. Ele ainda foi socorrido para o Hospital de Base, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O restante do bando ficou acuado e foi rendido.
Ao todo, cinco pessoas, entre as quais duas mulheres, foram detidas na operação. São elas: Simone Januário dos Santos, Marcos Vinícius Santos Nery, o “Salvador” (homem de confiança do traficante Didiu), Silvanei José dos Santos, Davi Rosa do Amparo e Taciana Santos Paixão, a “Bia”.
No caso de Davi Rosa, ele já era investigado por um homicídio ocorrido em julho de 2017, próximo ao Atacadão, na rodovia Itabuna/Ilhéus. Contra “Davi Neguinho”, tinha até um mandado de prisão em aberto por esse assassinato.
A polícia acredita que o grupo, além de ter envolvimento com o tráfico de drogas, roubos de veículos e assaltos a mão armada, é ligado a uma quadrilha liderada pelo perigoso traficante Edson Januário dos Santos, ou “Didiu”, como ficou “famoso” no mundo do crime. A irmã dele, inclusive, está entre as flagranteadas de hoje, a Simone Januário.
E um enorme quebra-cabeça começou a ser montado. Mesmo preso, “Didiu” é suspeito de ordenar vários ataques violentos na cidade. Em entrevista ao Verdinho Itabuna, o delegado André Aragão, coordenador da 6ª Coorpin, que comandou a bem sucedida operação, informou que a ação foi simultânea: enquanto os agentes e PM estavam na rua, uma equipe do Setor de Inteligência do Sistema Prisional, que veio de Salvador especificamente para essa missão, atuava no Conjunto Penal.
Vítima do Atacadão foi morta a mando de “Didiu” (Lembre Aqui)
Os dois internos do presídio, conduzidos juntamente com Didiu nesta quarta - Wemerson Reis da Silva e Wagner Nascimento Cordeiro -, também são “soldados” do traficante, segundo a investigação. Lembra de Davi, detido no Alto dos Canecos? O crime cometido por ele no ano passado, ao que tudo indica, foi ordenado pelo seu “chefe”, Didiu.
Na época, Davi foi apontado como autor dos disparos que mataram o auxiliar de serviços gerais, Danilo Felizardo dos Santos, de 20 anos, que seguia para o trabalho, no Atacadão, sofreu o atentado. “O que Neguinho Davi praticou teve autorização do líder da facção”, confirmou o delegado André Aragão, acrescentando que já tem provas suficientes que apontem para esse indício.
“Raio X” de um dos mais perigosos traficantes
Edson Januário, o “Didiu” tem uma trajetória “bombada” no mundo do crime. Contra ele, pesa uma série de crimes, como tráfico de drogas e homicídios. Mas o seu “cargo” de chefe da facção “Raio A” é seu “maior” troféu. Cerca de 10 anos atrás, Didiu já aterrorizava a cidade. Só que acabou sendo preso na primeira operação comandada pelo então coordenador da 6ª Coorpin, Moisés Damasceno. Algum tempo depois foi solto.
“Aí, nós conseguimos, através de uma operação, prendê-lo já na cidade de Nova Viçosa, no extremo sul (
Lembre aqui). Ele transferido no dia 10 de julho do ano passado para o Conjunto Penal de Itabuna, de onde continuava ordenando os crimes. Temos fartas provas que Didiu é líder dessa facção e já conseguimos autorização da Justiça para transferi-lo para o Presídio de Segurança Máxima lá de Serrinha”, adiantou o delegado André Aragão.
Por meio da equipe de Inteligência do Sistema Prisional de Salvador, Agentes de Disciplina, ao todo 16, realizaram buscas na cela 04, de Didiu, e nas celas 03 e 05 do “Raio A”. E a quantidade de materiais apreendidos foi surpreendente: sete facas artesanais, seis celulares, dois chunchos, um cartão de memória, três carregadores de celular, um fone de ouvido, três barras de ferro, quase 200 gramas de maconha e diversos cadernos de anotações. Tudo isso será periciado. E a polícia acredita que muitas outras informações serão tiradas dos celulares de Didiu, principalmente,
“Desmantelando o braço”
Sobre a operação de hoje, Aragão disse que o saldo é bastante positivo. “Desmantelamos esse braço da facção criminosa. Pretendemos, nos próximos dias, adiantar mais ainda. Essa ajuda do Sistema Prisional tem ajudado bastante, com o Serviço de Inteligência trocando essas informações. Acredito que é uma parceria bastante positiva e que vai dar bons frutos”, avaliou o coordenador.
“Extensão” da operação mira para o DMP: comparsa de Máscara” é preso
No finalzinho da operação no Alto dos Canecos, quando os presos já estavam sendo flagranteados no plantão do Complexo Policial, eis que chega mais uma informação bombástica: notícias do paradeiro de um traficante do lado oposto ao Raio A. Os policiais seguiram as pistas e chegaram a uma casa no bairro Monte Cristo.
Lá, foi detido, ninguém menos, que Gildervan Silva dos Santos, o comparsa de Alex de Jesus Góes, o “Máscara”, morto numa troca de tiros com integrantes do Raio A, num bar próximo à Base Comunitária de Segurança.
Na época, o acusado chegou a ser baleado também e, mesmo ferido, não procurou atendimento no Hospital de Base, para não ser preso. Ele foi detido na manhã de hoje juntamente com companheira que, ao ver a movimentação, tentou sair pela “tangente”, mas acabou sendo abordada. A mulher escondia dentro da bolsa, duas armas calibre 38, municiadas.
Segundo a polícia, na noite do tiroteio no Monte Cristo, Máscara, Gildervam e um terceiro comparsa tinham acabado de roubar um carro no bairro São Caetano e seguiram para o local, palco do ataque, com o intuito de aterrorizar.
O preso foi encaminhado para o Conjunto Penal de Itabuna.