Do G1
A menina de quatro anos, que foi contaminada pelo vírus HIV durante uma transfusão de sangue no tratamento contra leucemia, está em estado grave no Hospital da Criança, em Rio Branco, e teve que ser entubada na noite de domingo (22) após ter um agravamento no quadro clínico.
Para preservar a identidade da paciente, não serão divulgados os nomes. A mãe, uma dona de casa de 39 anos, acredita que a piora nada tem a ver com o vírus HIV, que, segundo ela, permanece isolado, mas sim com o retorno da leucemia.
Há dois meses a menina está internada no hospital e há 18 dias teve que ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após ter uma piora, a pequena não conseguiu mais reagir e teve que ser entubada.
A UTI pediátrica informou que o estado da criança é de grave para gravíssimo. A Secretaria de Saúde também reforçou que o agravamento da doença nada tem a ver com o vírus HIV. De acordo com o boletim, a menina não consegue mais reagir ao tratamento contra e leucemia.
"A leucemia voltou com força. Quando ela estava na UTI ainda interagia, mas não estava mais se alimentando. A doença voltou muito rápido e bem agressiva e a gente não esperava que ela voltasse agora. Na verdade, a gente não esperava que voltasse nunca mais. Voltou pra matar minha filha, mas Deus é maior e não vai abandoná-la”, explica a mãe.
A dona de casa conta que está muito abalada com a situação e que pretende buscar atendimento no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac) ainda nesta terça-feira (23).
“Não tenho cabeça pra nada. Eu não tô bem com minha filha entubada. Vou me consultar e depois já volto pra ficar ao lado da minha filha”, conta.
Mesmo sem poder ficar 24 horas ao lado da filha, ela fica do lado de fora da sala esperando o horário da visita.
Bolsa contaminada
A família descobriu que a menina foi infectada pelo vírus HIV no ano passado, quando a pequena recebeu plaquetas de uma bolsa de sangue contaminada que saiu do Hemoacre, em Rio Branco. O caso foi divulgado pela Saúde apenas em fevereiro deste ano.
Na época, a Saúde lamentou o caso e disse que o episódio havia sido uma fatalidade. A dona de casa, que é de família humilde, tem outras duas filhas e é mãe solteira. Ela diz que não teve nenhum apoio emocional na hora em que ouviu a notícia.
Sobre o fato, a mãe conta que por enquanto ainda não está se inteirando de nada judicial contra o Estado.
A mulher entrou na Justiça com pedido de indenização por danos morais. Na ação, ela cobra do Estado R$ 750 mil por danos morais em favor da menor e R$ 150 mil por danos morais causados a ela, além de uma pensão vitalícia, plano de saúde particular e acompanhamento pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
A Vara da Fazenda Pública já deu uma decisão para que o Estado pague uma pensão mensal de dois salários mínimos para a mãe da criança em caráter emergencial.