A Justiça da Bahia decretou mais uma vez a prisão do empresário Marcelo Batista da Silva, suspeito de mandar matar Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz, funcionários do ferro-velho que ele administrava em Salvador. Com isso, ele volta a ser considerado foragido.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (8), mas foi determinada no dia 1° de abril. Marcelo era procurado pela polícia desde novembro de 2024, quando foi determinada a prisão preventiva dele. No entanto, em março deste ano, foi concedida a liberdade provisória e ele passou a não ser mais considerado foragido.
Em contato com a produção da TV Bahia, os advogados de Marcelo esclareceram que o novo pedido de prisão foi motivado pelo descumprimento das medidas cautelares impostas pela Justiça após o primeiro pedido de prisão.
A defesa detalhou que, quando o juiz revogou a prisão anterior, ele determinou algumas condições, como a proibição de Marcelo se ausentar do estado, a obrigatoriedade de comparecer mensalmente ao fórum e o uso de tornozeleira eletrônica.
No entanto, como essas medidas não foram cumpridas, o juiz, seguindo a legislação, solicitou novamente a prisão. Os advogados não detalharam por que o homem violou essas medidas.
A defesa do empresário também informou que já protocolou um novo pedido de revogação da prisão, e que, agora, a decisão depende da avaliação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e do juiz responsável pelo caso. Segundo os advogados, Marcelo se apresentará à Justiça no momento oportuno.
Outros dois envolvidos no caso também tiveram liberdade concedida. No entanto, não foi detalhado o envolvimento dos homens no crime, que segue sob investigação. O caso está em segredo de Justiça.
Soldado da PM solto
Em janeiro deste ano, o soldado da Polícia Militar (PM) Josué Xavier, suspeito de envolvimento nas mortes, foi solto após o fim do prazo da prisão temporária.
Com a soltura, o militar voltou a fazer parte do quadro da corporação, mas vai atuar no setor administrativo até o fim das investigações. Ele é lotado na 19ª Companhia Independente (CIPM), em Paripe.
Além do policial, o gerente do ferro-velho, Wellington Barbosa, conhecido como "Cabecinha", também chegou a ser preso. Ele cumpria prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, porque foi diagnosticado com hanseníase, doença que pode atingir a pele e nervos, causando incapacidades físicas.
Na última vez que falou sobre o assunto, o delegado José Nélis, da 3ª Delegacia de Homicídios, responsável pelas investigações, disse que ainda não era possível afirmar a participação de cada um dos presos na ação.Porém, as apurações da Polícia Civil apontam que Paulo Daniel e Matusalém foram mortos. Os jovens sumiram no dia 4 de novembro do ano passado e ainda não foram encontrados. O desaparecimento de Paulo e Matusalém completou três meses no início de março. Os dois jovens foram vistos pela última vez quando saíram de suas respectivas casas para trabalhar como diaristas no ferro-velho, localizado no bairro de Pirajá.
Quem é o dono do ferro-velho?
Marcelo Batista da Silva é o dono do empreendimento. Além do mandado de prisão em aberto em relação ao desaparecimento dos dois jovens, o nome do empresário aparece em investigações a respeito de outros crimes. Segundo a polícia, ele é:
- investigado por duplo homicídio
- investigado por tentativa de homicídio
- apontado com envolvimento com milícia e facção criminosa
- responde por violência doméstica contra a ex-mulher
Na Justiça do Trabalho, o homem responde a nove processos que estão em tramitação. Outros 60 foram arquivados. As acusações abordam descumprimento de pagamento de salário, horas extras, assédio sexual e tortura.
A suspeita do envolvimento do empresário no crime foi denunciada pelas famílias dos jovens, que relataram que Marcelo havia acusado as vítimas de furto.
Ao longo das investigações, o carro do suspeito foi periciado após ser encontrado em uma loja especializada em veículos de alto patrão, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Avaliado em R$ 750 mil, o carro foi deixado no local por outro homem, que solicitou a troca dos bancos alegando ter adquirido o bem com alguns pontos de sujeira.
A Polícia Civil informou que a suposta sujeira pode se tratar de vestígios de sangue dos rapazes.
A versão dada pelo empresário, em 8 de novembro, antes de ter o mandado de prisão expedido, é que teve cinco toneladas de fardo de alumínio furtados em dois meses e que conseguiu recuperar 500 quilos em 3 de novembro, após seguir o caminhão usado no crime.
Segundo ele, no dia 4 de novembro, enquanto registrava ocorrência policial contra um terceiro funcionário, que não teve o nome divulgado, Paulo Daniel e Matusalém foram flagrados em outro furto à empresa.
Marcelo Batista ainda informou que planejava ligar para a polícia, para fazer um flagrante no dia seguinte e recuperar a carga roubada. No entanto, os jovens não apareceram para trabalhar e nunca mais entraram em contato. g1
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