O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou, nesta quinta-feira (31), os assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ronnie Lessa, a 78 anos e nove de prisão; e Élcio de Queiroz, a 59 anos e oito meses de cadeia.
Às 18h18, a sentença dos assassinos confessos de Marielle e Anderson decidida pelo Tribunal do Júri.
“O júri é uma democracia. Democracia esta que Marielle Franco defendia. Talvez justiça, que tanto se falou aqui, fosse que o dia de hoje jamais tivesse ocorrido. Talvez justiça fosse Marielle e Anderson presentes”.
A justiça, nas palavras da juíza Lúcia Glioche:
"Fica aqui para os acusados presentes, e serve para os vários Ronnies e vários Élcios que existem por aí soltos, a seguinte mensagem: a Justiça, por vezes, é lenta, é cega, é burra, é injusta, é errada, é torta. Mas ela chega. A Justiça chega mesmo para aqueles que, como os acusados, acham que jamais vão ser atingidos pela Justiça”.
E leu o veredicto:
"A Justiça chegou para os senhores Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Os senhores foram condenados pelos jurados do Quarto Tribunal de Júri da capital: 78 anos e 9 meses de reclusão e 30 dias-multa para o acusado Ronnie; 59 anos de prisão e 8 meses de reclusão, 10 dias-multa para o acusado Élcio. Saem os dois condenados a pagar até os 24 anos do filho de Anderson Gomes, Arthur, uma pensão. Ficam os dois condenados a pagar juntos R$ 706 mil de indenização por dano moral para cada uma das vítimas: Arthur, Agatha, Luyara, Mônica e Marinete. Condeno os acusados a pagarem as custas do processo e mantenho a prisão preventiva deles, negando o direito de recorrer em liberdade".
As famílias destroçadas pela dor da perda se abraçaram emocionadas: Marinete, mãe da Marielle Franco; Antônio, o pai; a filha Luyara; a irmã Anielle; e a viúva de Anderson Gomes. O alívio veio depois de quase 23 horas de julgamento. Mas a espera foi muito mais longa: seis anos, sete meses e 17 dias entre a execução e esta quinta-feira (31).
Os sete jurados – todos homens brancos de meia-idade – decidiram condenar, por unanimidade, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz por todos os crimes: duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, emboscada, sem dar chance de defesa às vítimas, e também por receptação e tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, que estava no carro na hora do ataque.
Os tiros contra a vereadora também atingiram a sociedade. Indignaram e revoltaram não só o Brasil. O assassinato transformou o nome de Marielle em um símbolo de luta pelos direitos humanos no mundo.
A investigação foi cheia de reviravoltas, cobranças, trocas de investigadores. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos um ano depois das mortes de Marielle e Anderson, mas só confessaram participação nos assassinatos em 2023.