O aposentado Albênio Lima Honório, 70, já tinha percorrido o trajeto entre Salvador e Ituaçu, no centro-sul baiano, incontáveis vezes. Mas, em um dia de 2015, os 500 quilômetros que separam as cidades foram cruzados com um gosto amargo na boca e uma tensão diferente. Ele recebeu a notícia de que precisaria de um transplante de fígado e teve certeza de que não sobreviveria. Decidiu, então, ir à sua terra natal comprar uma sepultura para ser enterrado ao lado dos pais. O medo é uma constante para pacientes que aguardam na fila dos transplantes. Só neste ano, 34 desses morreram na Bahia.
A cirrose hepática evoluiu sem que Albênio se desse conta da gravidade do problema. Em dois anos, o quadro se tornou tão grave que ele foi levado de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para Fortaleza, onde ainda aguardou quase um mês para a cirurgia.
“Eu sabia que tinha algum problema, mas o agravamento foi repentino. Eu achei que fosse morrer e mandei logo fazer uma sepultura. O transplante foi uma benção na minha vida porque eu fui curado”, diz Albênio. O hepatologista Paulo Bittencourt explica que a cirrose costuma ser silenciosa e a perspectiva é que os pacientes com quadros graves tenham a estimativa de, em média, dois anos de vida.
Entre janeiro e junho deste ano, sete pessoas morreram enquanto aguardavam transplante de fígado na Bahia. No mesmo período, 24 faleceram enquanto esperavam rins e, outros três, durante a espera por córneas. *Ler mais no Correio 24h.
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