A pior catástrofe climática da história recente do Rio Grande do Sul afeta, até o momento, mais de 1,4 milhão de habitantes. O aspecto humanitário da crise se torna mais dramático à medida que a falta de recursos básicos se evidencia. Às informações são do Terra.com.br
No último boletim emitido pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, às 18h desta terça-feira, 7, as autoridades gaúchas davam conta de que pelo menos 450 mil pontos do Estados estavam sem energia elétrica, e 606 mil habitantes, sem água. Há, também, 90 trechos bloqueados, total ou parcialmente, em 40 rodovias.
Na realidade, por trás desses números, estão milhares de gaúchos vítimas da insegurança proporcionada pelo desabastecimento de produtos básicos. Por outro lado, a baixa oferta possibilita a prática de preços abusivos em artigos já considerados de 'luxo', como garrafas de água e produtos de higiene.
O porto-alegrense Luciano Quadros, de 29 anos, mora no bairro Mário Quintana, na zona norte da capital gaúcha. Ao Terra, ele conta que, por sorte, a área em que vive não foi diretamente afetada pelas enchetes que atingiram o entorno do Guaíba, mas que o desabastecimento aumenta 'drasticamente' na região.
"Cada hora que passa, um novo produto fica sem estoque nos mercados. Começou por água, obviamente, e agora produtos de higiene básica e vários alimentos já estão em falta também", contou o gaúcho à reportagem, enquanto se preparava para ajudar um amigo em uma área inundada da cidade.
Luciano trabalha em um mercado próximo à sua casa e diz que ouve, todos os dias de clientes, que o principal temor é a falta de água potável na região. "Algumas partes estão sem água desde sábado. O pessoal está desesperado, temendo não ter água potável para beber".
O gaúcho denuncia, ainda, que comércios têm praticado preços exorbitantes na venda de produtos básicos. "Água de 20 litros, que tem valor médio normal de R$ 12, alguns comércios que ainda tinham em estoque estavam vendendo a R$ 50, R$ 60."
"Lenço umedecido, que tem valor médio de R$ 8,99, comércios estão vendendo a R$ 15,99", relata o morador. Outros produtos, que também tiveram preços dobrados no varejo, também estão praticamente esgotados, como pratos, copos e talheres descartáveis, conta Luciano.
O Terra questionou o governo do Rio Grande do Sul sobre as ações de atendimento ao desabastecimento e o Procon sobre a prática de preços em meio à catástrofe, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto.
Temporal no RS
Subiu para 95 o número de óbitos registrados em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul, segundo o boletim da Defesa Civil divulgado às 18h desta terça-feira.
Com relação aos desaparecidos, o número permaneceu em 131. Até o momento, há o registro de 1.443.950 pessoas afetadas pelo desastre em 401 municípios. Destes, 48.799 estão em abrigos, 159.036, desalojados, e 372, feridos.
A Defesa Civil investiga ainda a causa de outros quatro óbitos que podem ter relação com as enchentes, nas cidades de Caxias do Sul, Pinhal Grande, Santa Maria e Três Coroas.
Nível dos rios
O governo do Rio Grande do Sul também divulga diariamente, em dois horários, a medição do nível dos rios. A comparação com a medição anterior mostra que o nível da água tem caído muito lentamente.
- Guaíba - Porto Alegre – 5,22 metros (redução de 0,05 m em comparação com 8h)
- Sinos - São Leopoldo - 7,12 metros (redução de 0,15 m em comparação com 8h)
- Gravataí - Passo das Canoas - 6,19 metros (redução de 0,03 m em comparação com 8h)
- Rio Taquari - Estrela – 15,05 metros (redução de 4,18 m em 24h)
- Rio Uruguai - Garruchos – 16,59 metros (redução de 0,44 m em comparação com 8h; nível de inundação é 15 m)
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