O flautista Lincoln Sena Pinheiro e o violista Laércio Souza dos Santos, suspeitos de espancar e matar um homem em situação de rua, foram suspensos do trabalho na Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba). A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (25) pela Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA), gestora da Osba.
Os dois foram detidos em flagrante no sábado (23), junto a Marcelo da Cunha Rodrigues Machado, namorado de Lincoln, e Sérgio Ricardo Souza Menezes, morador da região que se envolveu no caso ao passar pelo local.
Segundo a Polícia Civil, os quatro teriam espancado o homem em reação a um assalto, na madrugada de sábado, no Corredor da Vitória, bairro nobre da capital baiana. Mais cedo, os suspeitos passaram por audiência de custódia e tiveram as prisões convertidas em preventivas.
"Neste momento, entendemos que é necessário aguardar o desdobramento das investigações pelas autoridades competentes, respeitando o direito à ampla defesa e o devido processo legal", diz um trecho do texto antes de informar a atual situação trabalhista de Lincoln e Laércio.
"Os músicos em questão são contratados pelo regime celetista, que é regulado pela legislação trabalhista brasileira, sendo assim, enquanto os músicos estiverem presos preventivamente, eles terão seus contratos com a ATCA/OSBA suspensos. Pedimos a compreensão do nosso público e da sociedade baiana para que aguardemos o avanço das investigações".
Na ocasião, a ATCA também informa a decisão de suspender o Concerto de Páscoa da Osba "em respeito aos acontecimentos citados". O evento seria realizado na próxima quinta-feira (28), na Sala da Coro do teatro.
A vítima, que estava sem documentos no momento do crime, foi reconhecida como Wiley Santos da Conceição. O trabalho de identificação foi feito por meio da impressão digital.
Pelo menos até a manhã desta segunda, o corpo do homem seguia no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador. Informações iniciais indicam que ele era uma pessoa em situação de rua.
Informações divulgadas até o momento apontam que Laércio e o casal Lincoln e Marcelo saíam de uma lanchonete na região, por volta das 4h, quando teriam sido abordados pela vítima de espancamento. Nesse momento, o homem teria anunciado um assalto e os três reagiram.
Outros moradores relataram que ouviram os gritos da confusão e acionaram a Polícia Militar. Os agentes chegaram ao local e prenderam os quatro envolvidos em flagrante.
As defesas dos suspeitos não falam em espancamento. Advogado dos três jovens, Vinícius Dantas disse que seus clientes imobilizaram o homem.
"Esse rapaz tentou assaltar os meus clientes, agrediu os meus clientes, que reagiram, imobilizaram, ligaram para o 190, chamaram a polícia, esperaram a polícia chegar no local. No momento, eles soltaram o rapaz pra polícia imobilizar, ele ainda estava com vida, mas antes da polícia encostar nele, ele veio a falecer", justificou.
Já Danilo Silva, advogado do morador que se envolveu no caso quando passava pelo local, disse que seu cliente tentou apartar a confusão e também ligou para o 190. Segundo o defensor, o homem disse à polícia: "Tentei dar socorro aqui, mas parece que ele foi apagado".
Em nota enviada à imprensa inicialmente, a Associação Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) informou que aguardaria o andamento das investigações para voltar a se posicionar e ressaltou que o crime aconteceu fora do ambiente de trabalho dos músicos.
Embora tenha identificado e detido os suspeitos, a Polícia Civil não divulgou mais informações sobre o caso. O crime é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por esclarecer as circunstâncias e motivações por trás das agressões.
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