Internado há quase um mês em um hospital particular na Suíça, o soldado César Henrique, de 31 anos, aguarda uma definição do Planserv, convênio de saúde do governo da Bahia, para retornar ao estado. Natural de Jequié, na região sudoeste, o agente de segurança que vive em Salvador foi diagnosticado com leucemia enquanto viajava pela Europa e precisou ser hospitalizado com urgência.
Ele está com a esposa, a dentista Viviane Assis, e juntos eles acompanham a resolução dos trâmites por parte do poder público estadual.
César disse que o Comando Geral da Polícia Militar da Bahia "tem se mobilizado para ajustar as questões administrativas" com o Planserv e o hospital que irá recebê-lo na capital baiana. Ainda não se sabe em qual unidade ele será internado.
A assessoria de comunicação da PM esclareceu que o diálogo ocorre entre o Departamento de Promoção Social da corporação, o convênio militar e hospitais da rede credenciada "para que sejam utilizados a mesma medicação e protocolo nas etapas seguintes do tratamento".
César Henrique tem feito uso das medicações Vesanoid 90mg e Trisenox (trióxido de arsênio) 12,6mg. Essa última não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e cada ampola custa entre R$ 9 mil e R$ 10 mil. Em apenas um mês, o policial precisaria gastar pelo menos R$ 180 mil para seguir com o remédio.
"Como o tratamento foi iniciado com essas medicações, não podemos alterar. Assim que o hospital e o plano de saúde derem uma resposta, os médicos aqui da Suíça vão planejar meu retorno", indica. Conforme orientação médica, a viagem de César será na companhia de um profissional de saúde e seguindo protocolos de segurança.
César descobriu a doença no início de uma viagem que incluiria cinco países europeus. Mas só deu tempo de visitar a Itália.
Após chegar na Suíça, o policial da 2ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Barbalho), em Salvador, teve febre e precisou ser internado. Aí veio o diagnóstico de Leucemia Promielocítica Aguda.
Como a doença causa risco elevado de hemorragia e problemas de coagulação do sangue, não restou outra alternativa senão iniciar a quimioterapia rapidamente. "Ele estava praticamente sem células de defesa, linfócitos bem abaixo do normal. Naquele momento, ele não podia sair dali [hospital], porque qualquer infecção que ele pudesse adquirir, poderia não sobreviver", contou a esposa, Viviane.
A internação inesperada rendeu ao casal uma cobrança em torno de R$ 478 mil. Ele e a esposa acionaram o seguro de viagem contratado, mas a empresa se recusou a cobrir os custos.
Em resposta, a Justiça da Bahia concedeu uma liminar que obriga a seguradora a custear todo o tratamento, mas os valores não foram quitados até o momento.
"O hospital tem nos acionado diariamente sobre isso. A dívida permanece aberta", destacou o paciente. Além da conta na unidade de saúde, há os gastos com a alimentação da esposa, acompanhante de César. Ele estima um custo equivalente a R$ 116 por uma espécie de "prato feito", sem considerar café da manhã, jantar e materiais de higiene.
Hospedagem não é um problema porque o hospital permitiu que Viviane permanecesse lá, junto ao marido. Diante desse cenário, amigos do casal organizaram uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 500 mil. Até a tarde desta quarta-feira (17), quase dois mil apoiadores contribuíram com R$ 97.717,56.
Em meio às dificuldades encontradas no tratamento, César conta que também acionou o consulado brasileiro na Suíça, mas ouviu que não poderiam ajudar.
Já o Ministério das Relações Exteriores disse ao g1 que a assistência consular cabível está à disposição dos familiares do PM. No entanto, não detalhou o tipo de assistência que oferece ao policial. Disse ainda que não vai fornecer dados específicos sobre casos individuais porque informações detalhadas poderão ser repassadas somente mediante autorização dos envolvidos.
O portal procurou ainda a Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb), responsável pela administração do plano de saúde, e aguarda posicionamento.
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