Há uma semana um homem foi preso em flagrante por abusar sexualmente de duas crianças, de 7 e 9 anos, na piscina de um condomínio em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador (RMS).
O suspeito é professor de uma escola pública na Bahia e o crime foi descoberto depois que uma das vítimas, uma menina de sete anos, falou sobre o abuso para a mãe. O suspeito foi solto na segunda-feira (15) e responderá pelo crime em liberdade provisória. Enquanto responder pelo crime, o homem não poderá se aproximar de locais com aglomeração de crianças.
Segundo a mãe da vítima, a criança foi instruída a identificar situações de abuso e, por isso, conseguiu denunciar o crime. Mas como instruir crianças tão pequenas a identificar situações como essa? O g1 conversou com a psicóloga, psicanalista e membro do Instituto Viva Infância, Cristianne Maria Sampaio, sobre a importância do diálogo sobre o corpo entre cuidadores e crianças.
Segundo a psicóloga, a sexualidade humana é construída desde a primeira infância. Isso significa que meninos e meninas começam a entender o que é o próprio corpo ainda pequenos e, por isso, também deve começar a entender desde cedo que esse corpo precisa de cuidado.
"As crianças começam a fazer perguntas sobre o corpo e, muitas vezes, os cuidadores se sentem constrangidos em responder ou não sabem a melhor forma de falar. Mas essas perguntas precisam de resposta", afirmou.
Nesta matéria você vai encontrar:
- Conversas com crianças
- Crianças vítimas de abuso
- Crimes contra crianças
- Como denunciar
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Perguntas "cabeludas"
"Como nascem os bebês? Por que o corpo dos meninos é diferente do das meninas?". Esses são alguns questionamentos que surgem ainda na infância e que as crianças costumam levar para os seus cuidadores. Apesar do constrangimento, a psicóloga Cristianne Maria Sampaio aconselha que os pais não fujam das perguntas.
"Quando essas dúvidas surgirem, é importante conversar sobre as diferenças entre masculino e feminino em relação ao corpo"
"A principal diferença está na área genital e isso dá a oportunidade para que os cuidadores falem sobre essas áreas, falem que são mais sensíveis, que precisam de cuidado e que devem ser tocadas só na hora do banho ou da troca de fralda, por exemplo", contou.
Segundo a profissional, não adianta dar explicações longas e complexas sobre o assunto, pois as crianças não vão entender naquele momento. Usar palavras simples e falar de forma lúdica são algumas dicas para seguir o diálogo.
Conversa sem horário marcado
Diferente de adultos ou adolescentes, não dá para marcar um horário para ter conversas como essas com as crianças. Esses momentos precisam ser criados pelos cuidadores, quando as dúvidas surgirem ou em momentos como o banho, por exemplo.
"Essas conversas vão construir essa relação de cuidado, atenção e afetividade entre as crianças e os cuidadores. Isso gera uma base para que, lá na frente, essa criança identifique situações e consiga conversar sobre elas com alguém de confiança", explicou.
Crianças vítimas de abuso
"O que é silenciado, vai aparecer de alguma forma", afirmou a psiquianalista. Segundo Cristianne Maria Sampaio, as crianças vítimas de abuso vão dar sinais através de comportamentos diferentes dos habituais.
Esses comportamentos são bem variáveis e podem ser:
- voltar a urinar na cama;
- insônia;
- desregulação na alimentação;
- deixar de querer sair de casa.
"Quando esses sinais persistem, é interessante conversar com um profissional. Muitas vezes, os pais levam primeiro para o pediatra e só depois para um psicólogo", contou.
Segundo a psicóloga, é fundamental que a criança vítima de abuso seja acompanhada por um profissional.
Caso o trauma não seja tratado, ele pode causar diversas dificuldades na vida da vítima. Alguns exemplos são o isolamento e as dificuldades nos relacionamentos e na expressão da afetividade.
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