A família da ialorixá Bernadete Pacífico contratou peritos particulares para revisar o trabalho da Polícia Civil da Bahia. A líder quilombola foi assassinada em agosto deste ano dentro do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
Nesta terça-feira (07), o filho de Mãe Bernadete, Jurandir Wellington Pacífico, relatou ao g1 que os peritos farão a revisão do trabalho de perícia e do laudo da morte da líder quilombola, já que a família está sem acesso ao inquérito policial.
No dia 18 de setembro, quando o assassinado da ialorixá completou um mês, a Polícia Civil da Bahia pediu à Justiça a prorrogação do inquérito que apura o assassinato. Esta prorrogação seria por mais um mês, com vencimento no dia 18 de outubro.
O g1 questionou à polícia se o inquérito foi concluído, ou se foi prorrogado novamente, e aguarda resposta. A ialorixá integrava o programa de proteção do Governo Federal, e a família quer saber quais protocolos de proteção estavam adotados antes dela ser executada.
Ainda relacionado à proteção, Jurandir Wellington revelou ao g1 que, agora, a família está sob segurança ininterrupta da Polícia Militar. Ele agora está com a tutela dos três sobrinhos, filhos de Binho do Quilombo – liderança quilombola e filho de Bernadete, que foi assassinado em 2017.
"Quero entender por que não estamos com acesso ao inquérito. O inquérito está em sigilo até para família. Não resolveram o caso de Binho, e não vou permitir que o de minha mãe fique na mesma situação", desabafou Jurandir.
Pelo menos três homens suspeitos de envolvimento no crime foram presos, em setembro. Na época, a polícia disse que um deles foi o executor do crime, enquanto os outros dois teriam guardado as armas usadas para matar Mãe Bernadete, e receptado os celulares da líder quilombola e de seus familiares.Parte das medidas adotadas no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) era o monitoramento da casa da líder quilombola através de câmeras de segurança. A família de Bernadete Pacífico, afirmou que três equipamentos não estavam funcionando no dia do assassinato.
Das sete câmeras instaladas, apenas quatro contribuíram para o processo de investigação e três não estavam com funcionamento adequado. Segundo o advogado David Mendéz, representante da família de Mãe Bernadete, o problema se deu por falta de recursos. Os advogados que representam a família também têm relatado ameaças.
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