O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou cinco homens pelo assassinato da ialorixá e líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico. Ela foi morta em 17 de agosto deste ano, na sede do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
De acordo com MP-BA, a denúncia foi oferecida na segunda-feira (13), mas só foi divulgada nesta quinta (16). Os homens são acusados de por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, com uso de arma de fogo e sem chance de defesa da vítima.
Dos cinco suspeitos, dois já tinham sido presos em setembro, sendo Arielson da Conceição Santos e Sérgio Ferreira de Jesus. Um deles foi preso por suspeita de receptar os celulares da líder quilombola e de familiares, roubados durante o homicídio. O segundo foi preso por suspeita de ser o executor do crime. A polícia não informou quem é o responsável por cada crime.
Os outros três ainda não foram detidos e Josevan Dionísio dos Santos e Marílio dos Santos estão foragidos. A SSP-BA afirmou que Marílio tem quatro mandados de prisão em aberto, mas não especificou os crimes pelos quais ele é investigado.
Há ainda um mandado de prisão preventiva em desfavor de Ydney Carlos dos Santos de Jesus. A SSP-BA não especificou como cada um dos denunciados participou do crime, nem detalhou qual foi a motivação do assassinato da líder quilombola.
Mãe Bernadete fazia parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal. A sede do quilombo Pitanga dos Palmares, onde ela vivia, era monitorada por câmeras de segurança. Apesar disso, três delas não estavam funcionando por falta de recursos.
No dia do crime, Mãe Bernadete estava dentro de casa, com os netos, quando ouviu batidas na porta. Quando os dois suspeitos entraram dentro da casa da vítima, ela pensou que se tratava de um assalto. A informação foi dada à polícia pelo neto da vítima, Wellington Gabriel de Jesus dos Santos, que estava na casa da avó, na noite do crime.
Ainda segundo Wellington, os homens pegaram o celular da avó e a mandaram desbloquear o aparelho. Eles também roubaram os celulares dos dois adolescentes que estavam na sala e exigiram que eles fossem para um dos quartos da casa.
Depois disso, um dos homens foi até o quarto onde Wellington estava e o mandou deitar no chão. "Deite no chão, seu 'viado'", exigiu. Ao sair do cômodo, o homem fechou a porta.
Depois disso, o jovem ouviu diversos disparos. Quando saiu do quarto, encontrou a avó morta no chão da sala. Sem telefone, Wellington utilizou o aplicativo de mensagens que estava aberto em seu computador para pedir socorro para pessoas que vivem no quilombo. Depois disso, ele deixou os familiares adolescentes com um vizinho e foi até o terreiro de Candomblé, que fica dentro do Pitanga dos Palmares, para ligar para a polícia.
Os suspeitos chegaram e saíram do quilombo de moto. Segundo Wellington relatou no depoimento, eles tinham entre 20 e 25 anos, eram negros e usavam roupas pretas, capas de chuva e capacetes.
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