terça-feira, 25 de julho de 2023

Hyara Flor: a dor de um pai que ama em atitudes

Desde o dia  07/07, a morte de Hyara Flor, de 14 anos, que seu pai não descansa militando em favor da punição dos assassinos da filha. A necropsia do corpo provou que o tiro fez com que a garota asfixiasse no próprio sangue, até a morte.

Dias antes da adolescente ser morta com um tiro na cidade de Guaratinga, no extremo sul da Bahia, fotos íntimas da sogra e do tio dela teriam sido vazadas em um aplicativo de mensagens. 

A informação foi confirmada pela advogada da família da adolescente cigana, Janaína Panhossi, nesta segunda-feira (24). Apesar disso, ela não tem detalhes de como ocorreu o vazamento das imagens.

O delegado que está a frente do caso, Robson Andrade, não deu detalhes sobre a informação, pois, os depoimentos seguem em sigilo. Após Hyara ser baleada, o marido dela e os sogros fugiram da cidade. A polícia afirma que o principal suspeito de cometer o crime é o marido da vítima, um adolescente que também tem 14 anos. Ele e a família fugiram logo após o fato, e estão sendo procurados.

A vida de Hyara foi ceifada no dia 06 de julho, desde então, Iago Cigano, pai da adolescente, recorre às redes sociais, de maneira a expressar toda a dor causada pelo assassinato da filha.  As dores e sofrimento deste pai é visualizado em todas as plataformas possíveis que ele tenha contato. A família acredita em um crime premeditado por motivo de vingança, já que a sogra de Hyara tinha um relacionamento extraconjugal com tio dela e, alegam que a mudança da família já estava feita na surdina para a fuga, antes dos fatos.

A Hyara dividia seu cotiano de dancinhas ao lado do pai, no TikTok — plataforma de grande alcance, até que a escritora Glória Perez teve o conhecimento da história e compartilhou em suas redes de mais de um milhão de seguidores. O caso repercutiu de forma que foi tema do Fantástico (09/07), onde a autora cedeu sua imagem ao fato de repúdio nacional. 

Após o compartilhamento em grande escala, a defesa de Hyara conseguiu, na quinta-feira (17), uma reunião com o Secretário de Segurança Pública — Marcelo Werner, a fim de encontrar formas viáveis conforme a lei para resolver o impasse.

Assim sendo, uma campanha foi criada para pagar um investigador particular a fim de encontrar os assassinos da sua filha. A vaquinha está na plataforma oficial Vakinha, e segue o link para quem quiser contribuir a causa. 

Acrescentando a todos os esforços, no dia 20/07 foi iniciada uma campanha com pedido de Justiça por Hyara Flor, a petição já possui 1476 assinaturas e visa alcançar o apoio de 2.000 pessoas. A plataforma Avaaz é uma comunidade de mobilização online que leva a voz da sociedade civil para os espaços de tomada de decisão em todo mundo. Se quiser assinar clique aqui.

Portanto, o interesse da Glória Perez no caso assemelha as atitudes que o pai de Hyara tomou desde a perda da filha.

Entenda porque Gloria Perez se solidariza com o caso da cigana:

A autora compartilha da mesma saga, visto que a sua filha a época assassinada friamente pelo ator já falecido Guilherme de Pádua, compareceu ao velório como se nada tivesse ocorrido na noite anterior. A escritora, inconformada com a forma que a filha, foi morta com requinte de violência e rituais, procurou os meios que possuía para conseguir mudar a lei de crimes hediondos no Brasil. 

A Lei 9709/98 permite que a iniciativa popular apresente um projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

Na época que Gloria conseguiu as assinaturas correspondentes para que a lei de homicídio passasse a ser considerada crime hediondo, a lei acima citada ainda não existia, ela não possuía as ferramentas que hoje se dispõe com agilidade. Precisou do apoio de artistas, colegas de trabalho e cantores que se solidarizaram com a sua dor e em cada apresentação no território brasileiro, arrecadasse o quantitativo estipulado à época.

Com isso, a proposta de Glória Perez transformou em crime hediondo especificamente o homicídio qualificado — aquele cometido por motivo torpe ou fútil, mediante pagamento, por emboscada ou outros meios que impossibilitem a defesa da vítima. O processo da sua filha não pode ter as benesses da lei nova, visto que, “In malan partem” significa que em prejuízo do réu é proibida, retroagir a lei no Direito Penal. 

Porém, ela percebeu que a dor que a movia beneficiaria aos próximos acontecimentos equivalentes a esse, e podemos dizer que seria o início da lei do Feminicídio? Não é possível precisar qual foi o primeiro caso de feminicídio. Foi somente a partir do ano de 2015 que ele passou a ser considerado.

A indignação de Glória permitiu um movimento em favor da sociedade. A escritora continua demonstrando que as causas sociais são critérios de sua participação nas problemáticas, independente de cor, raça ou comunidade. Segue em manifestação através do Twitter e Instagram.

Fonte: Redes Sociais

Fotografia: Reprodução