Em 8 de abril de 1964, o jovem Osmar tinha acabado de completar 21 anos. O que ele acreditava ser apenas mais uma quarta-feira de trabalho na agência se tornou um pesadelo: um sargento do Exército e dois sargentos da Polícia Militar entraram com metralhadoras no banco e levaram-no preso, sob a acusação de comunismo.
Ferreira começou a trabalhar no banco aos 17 anos. Durante o ensino médio, sempre foi envolvido com movimentos estudantis, chegando à liderança do Movimento Estudantil dos Secundaristas de Feira de Santana. Ele foi fundador, junto com um amigo, da Associação de Empregados dos Estabelecimentos Bancários, em 1961, que se tornaria mais tarde o Sindicato dos Bancários da cidade.
No dia 7 de abril, fez 21 anos. Nos 12 dias que se seguiram, Ferreira foi torturado e interrogado por informações que não tinha. Foi liberado condicionalmente no dia 20, com auxílio de advogados conhecidos. Foram duas semanas que ressoaram por toda a sombra da carreira que poderia ter tido, mas foi cortada precocemente. Ele foi demitido do banco e, com dificuldades de arranjar emprego na cidade, saiu de Feira de Santana e tornou-se caminhoneiro, como o pai. Depois, fez faculdade de Direito e começou a atuar como advogado.
O Banco da Bahia, antes público, foi comprado pelo Bradesco em 1999. Com o conhecimento adquirido na graduação, Ferreira fez um requerimento ao banco em 2003, que só foi julgado em dezembro de 2010. Abriu uma ação trabalhista, para que o banco pague os direitos trabalhistas desde o momento da demissão até hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário