A mulher trans Carla Santos, de 44 anos, estava acompanhando o pai no Hospital de Base de Itabuna no sábado (11), quando foi chamada pelo namorado José Carlos do lado de fora da unidade. Eles começaram a conversar, e acabaram tendo um desentendimento. Foi quando o homem jogou álcool no tórax de Carla e logo em seguida ateou fogo na companheira. Na sequência, ela pediu socorro no hospital onde foi atendida imediatamente pelos profissionais de saúde.
José Carlos |
Conforme a irmã da vítima, ela informou que não foi a primeira vez que José Carlos o acusado, agrediu a irmã, ela também acredita que o crime foi premeditado, já que ele estava em posse do vidro de álcool na bolsa.
O suspeito foi preso em flagrante a menos de 3 km do Hospital de Base, local onde fugiu após ter ateado fogo no corpo de Carla. Segundo a família da vítima, com informações passadas pela Polícia Militar, ele tentou fugir a pé e foi preso nas imediações próximo ao Centro Comercial de Itabuna, onde a PM tem uma base de operações. Nesta segunda-feira o homem passou por uma audiência de custódia, e teve prisão convertida em preventiva. O mesmo foi encaminhado ao Conjunto Penal de Itabuna.
A família agora está com toda a atenção voltada para o estado de saúde de Carla, que teve 30% do corpo queimado, e diante das condições clínicas serem consideradas grave, foi transferida para Salvador, em uma UTI aérea ainda no sábado (11) à noite, mas até o momento não está respondendo aos medicamentos.
De acordo com a mãe de Carla, Lucinéia Ferreira, ela revelou que recebeu uma mensagem do ex-namorado da filha, considerado suspeito de cometer o crime e foi preso em flagrante. De acordo com ela, o homem disse que nada o impediria de ficar com a vítima. "Ele mandou mensagem para mim dizendo: ‘eu amo sua filha, quero ficar com ela e ninguém vai me impedir’. Isso não é amor, é doença. Quem ama não mata, não bate, não espanca", disse Lucinéia.
Carla Santos |
A mãe ainda contou que nunca foi a favor do relacionamento da filha com o suspeito, que estavam juntos há décadas. A filha sofria agressões constantes do homem. "Todo mundo era contra, inclusive eu. Vendi a casa dela e comprei uma do lado da minha, mas mesmo assim isso não se resolveu. Ela contava tudo para mim, dizia que não dava certo, que ele era usuário de drogas", disse. A mãe da vítima ainda disse que a filha pedia ajuda para se separar de vez do homem. "Ela pediu chorando para mim: ‘socorro mainha, me tire daqui’, dizia que tinha medo. Quando ele ligava ameaçando, coagindo, ela ia encontrá-lo porque ficava com medo dele fazer algo contra ela", contou.
A mãe de Carla ainda disse que aconselhou que a filha prestasse queixa contra o homem na delegacia. A vítima, porém, achava que a queixa não iria protegê-la do homem. "Ela dizia que medida protetiva não protege ninguém, que era um pedaço de papel que eles [suspeitos] não respeitam", disse.
O desejo de Lucinéia é que José Carlos, suspeito de cometer o crime, siga preso. O caso é investigado pela Polícia Civil da cidade.
Matéria produzida com conteúdo da TV Santa Cruz / rede Bahia