Segundo o escritório Daniel Cruz Jr Advogados, que representa o grupo formado por 14 homens, os trabalhadores foram para Bento Gonçalves entre os meses de agosto e novembro de 2022, com o objetivo de atuar na colheita de uvas e abate de frangos. No entanto, conseguiram fugir para a Bahia entre janeiro e fevereiro deste ano, antes mesmo da ação policial que resultou no resgate dos trabalhadores no último dia 22.
Conforme detalhou o advogado Daniel Cruz, três empresas estão envolvidas no caso. Uma delas é a mesma onde os trabalhadores foram resgatados.
Na quinta (2), o advogado foi com as vítimas até a sede do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) para que os trabalhadores sejam incluídos na negociação entre as empresas envolvidas no caso. No órgão, eles foram orientados a registrar queixas individuais no site do MPT-BA e também na Polícia Federal.
"Eles sabiam que estavam sendo maltratados, mas não tinham condições financeiras para ir embora. Quando pediam demissão, eram cobradas dívidas de alimentação e transporte, por exemplo. Era uma dívida eterna, porque quanto mais tempo ficavam, mais gastos eram acumulados", detalhou o advogado.
O advogado Alberto da Silva Purificação, que também representa as vítimas no caso, reforçou que existem provas de que, assim como os outros baianos, os homens trabalharam no local e foram submetidos a trabalho similar ao escravo.
"Existe a carteira profissional digital, que não foi dada baixa, além de vídeos deles trabalhando no local", afirmou.
Na quarta-feira (1º), a Defensoria Pública da União (DPU), a Superintendência Regional do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia pediram que outros três baianos, que não fazem parte deste grupo de 14 pessoas, fossem incluídos no processo. Eles também fugiram do local antes do resgate.
Relatos das vítimas
"Arrancaram minha unha porque eu disse que não ia trabalhar. A gente chegava [no alojamento] 17h e às 21h tínhamos que trabalhar de novo. Eles diziam que se não trabalhássemos de noite, iríamos apanhar", desabafou Paulo Sérgio Rodrigues, de 53 anos.
As ameaças e agressões se repetem nos relatos. Cláudio Nascimento da Silva, de 33 anos, precisou ser atendido por um médico após ser espancado no alojamento da empresa. A agressão aconteceu após ele ter uma crise de asma e se recusar a trabalhar.
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