quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Americanas enfrenta falta de produto e começa a realocar estoques entre lojas

A Americanas, em recuperação judicial desde o último dia 19, já começa a enfrentar problemas de abastecimento. Prateleiras vazias já são vistas em lojas da rede visitadas pela reportagem em São Paulo nos últimos dez dias.

 Tradicional vendedora de guloseimas como chocolates, biscoitos e chicletes, a varejista acumula dívidas milionárias com grandes fornecedores, como Nestlé (R$ 260 milhões), Bauducco (R$ 97 milhões) e Mondelez (R$ 93 milhões). Esta última é dona de marcas como Lacta, Trident, Mentos e Oreo.

Alguns fornecedores não têm mais interesse em continuar vendendo para a Americanas, apurou a reportagem. A empresa sempre foi considerada um trunfo pelos fabricantes: tendo em vista o tamanho da sua rede e o seu marketplace, vender para a varejista era uma chance de alavancar o market share (participação de mercado). Mas o temor de calote, especialmente entre os pequenos fabricantes e importadores, que não contam com seguro de crédito, é grande.

Em razão da dificuldade de abastecimento, a companhia deu início a um processo de realocação de estoques entre as lojas, a fim de garantir produtos nos pontos de mais alto fluxo. Existe a expectativa que ao menos 30% dos pontos de venda fechem as portas, com o objetivo de reduzir os custos fixos com aluguel e pessoal, segundo pessoas ouvidas pela reportagem sob condição de anonimato.

Americanas, Marcio Chaer, afirmou que não houve alteração na oferta de produtos e no fluxo de pagamentos a fornecedores. Segundo ele, a previsão era otimizar recursos para garantir a sustentabilidade da companhia no curto prazo. "Certamente vamos ajustar aquilo que não for essencial para a gente", disse.

 Questionada novamente pela reportagem a respeito de problemas de abastecimento, a Americanas respondeu que o planejamento de estoque é feito com bastante antecedência.

 "A companhia segue com níveis adequados de estoque e está coordenando a revisão e redistribuição de produtos, buscando maior otimização de vendas e margens, ação que faz parte da dinâmica do varejo. As negociações comerciais seguem em ritmo saudável para a companhia e fornecedores com quem tem relações históricas", afirmou por meio de sua assessoria, em nota.

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