Em entrevista ao Acorda Cidade, a mãe do bebê Apollo Vicente dos Santos, ainda abalada, relatou os traumas psicológicos que teve e falou sobre o corte que o seu filho recém-nascido sofreu durante o parto.
Ela conta também que teve pré-eclâmpsia na gravidez e expôs em uma postagem na rede social o sofrimento vivido durante o parto e os comentários preconceituosos que escutou de funcionários da unidade de saúde.
“Eu comecei a induzir dia 2 de setembro, às 15h, quando colocaram o primeiro comprimido de ocitocina. E quatro horas depois colocaram outro comprimido e meia hora depois minha bolsa rompeu. Às 03h do dia 3 de setembro ainda não tinha tido ele, eu estava com muita contração, sentindo dor. Eu até tinha pedido por uma cesárea, mas eles não me deram. Falaram que seria normal, que era o meu primeiro filho e que ‘a dor normal de um parto era assim’, que era para eu aguentar e esperar. E eu já estava perdendo líquido, sangue. Eu estava com muita dor mesmo, aí eu pedi para elas fazerem a cesárea, aí a chefe da área hospitalar falou ‘imagine se todo mundo que pedisse cesárea a gente desse’, aí ela falou que não, e que eu teria que aguardar. Aí eu falei que eu iria sair do hospital. Ela me falou que se eu saísse e voltasse eu teria que fazer toda a triagem de novo e esperar”, relembrou o momento.
Grazielle estava querendo ir para outra unidade de saúde, por conta das dores fortes e por terem negado a cesárea. “Depois outra chefe, superior delas, fez o toque em mim e disse que eu não teria condição nenhuma de ter o meu filho normal, de parto natural. Aí quando trocou o plantão eu só fui ter o meu filho às 9h18 de parto cesáreo”, contou a mãe. Apollo nasceu com 37 semanas e três dias.
A mãe da criança revelou que, durante o parto, o seu filho havia sofrido um corte próximo ao olho. “Eu estava muito debilitada, quando eu descobri que o meu filho tinha tido um corte. Eu vi costurando, fazendo sutura, mas neste momento eu estava tão debilitada que eu não conseguia nem reagir, eu não tinha forças para reagir e para falar nada. O meu filho sofreu um corte na pálpebra durante o parto, próximo ao olhinho, por muito pouco ele não ficou cego”, desabafou.
Grazielle contou que depois de 15 dias os pontos do seu filho foram retirados. “Mas mesmo assim eu ainda fiquei colocando colírio, porque ainda tinha sangue na parte do olho, com coágulos. Tive que comprar também uma pomada muito cara para passar no ferimento”.
A mãe de Apollo disse ao Acorda Cidade que deu queixa após quatro dias do ocorrido e que o processo está encaminhando. “Eu fiz um desabafo nas redes sociais, mas não imaginava que teria essa repercussão. Eu não tenho nem palavras para dizer o que eu sinto hoje. Às vezes me vem uma parcela de culpa, às vezes me sinto fraca por não ter aguentado o parto normal. Mas muitas mães que comentaram na minha publicação, e que passaram por situações até piores, me falaram que a culpa não é minha, que não é para eu me sentir culpada, porque os irresponsáveis foram eles”, pontuou.
Grazielle Vitória também destacou que gostaria de uma ajuda para pagar consultas particulares com um psicólogo, porque não está conseguindo marcar pelo SUS. Após o acontecimento, a mãe abordou que tem muitos pesadelos e não consegue dormir direito.
Ao Acorda Cidade, a diretoria do Complexo Materno Infantil do Hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher, informou que tomou conhecimento do fato na manhã desta terça-feira (17), através das redes sociais. O diretor geral da unidade, Francisco Mota, ressalta que “é inverídica a informação de que a paciente deu queixa no hospital e pediu cópia de prontuário”.
Ele esclarece que “todos os casos de pedido de cópia de prontuário passam pela diretoria médica e pela diretoria geral. Assim como não chegou nenhuma queixa na Ouvidoria. Portanto, se não existe uma queixa formal, não temos como responder diretamente à paciente”.
O diretor geral do Hospital da Mulher acrescenta ainda que a diretoria está realizando toda a apuração interna do caso.
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