Os dois indígenas da etnia pataxó executados a tiros na BR-101, próximo ao distrito de Montinho, em Itabela, foram sepultados na manhã desta quinta-feira (19), sob forte comoção de familiares, amigos e comunidade.
Os primos Samuel Cristiano do Amor Divino, 20 anos, e Nauí Brito de Jesus, 16, foram mortos por pistoleiros quando trafegavam pela BR-101 em uma moto, por volta das 17h30 de terça-feira (17).
O corpo de Samuel foi enterrado às 8h, na aldeia Boca Da Mata, em Porto Seguro, enquanto o sepultamento de Nauí ocorreu às 11h na aldeia Craveiro, em Prado.
As duas aldeias onde os indígenas assassinados moravam ficam em uma área ocupada por comunidades pataxó do Extremo Sul da Bahia há cerca de um ano. Os indígenas reivindicam a homologação da área, localizada entre os municípios de Porto Seguro e Prado.
REUNIÃO DE LIDERANÇAS
Na quarta-feira (18), líderes de movimentos e organizações indígenas se reuniram com representantes da Polícia Federal e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em área de autodemarcação, para cobrar providências urgentes e agilidade na investigação e prisão dos assassinos de Samuel e Nauí.
Os líderes do Movimento Indígena da Bahia (MIBA), do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (MUPOIBA), da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) e do Conselho de Caciques do Território Pataxó Barra Velha estão em contato direto com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, com a presidenta da Funai, Joênia Wapichana e com a Polícia Federal em Brasília.
Eles querem que a Força Nacional e a Polícia Federal atuem na investigação de crimes contra as comunidades indígenas e no combate à pistolagem e às milícias que agem no Extremo Sul, principalmente com a participação do braço armado do Estado.
GABINETE DE CRISE
Também na quarta-feira, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, assinou portaria instituindo um gabinete de crise para acompanhar a situação de conflitos na região. O gabinete, que será coordenado pela ministra, é composto por representantes de diversos órgãos e entidades vinculados ao Ministério dos Povos Indígenas, além do Ministério da Justiça e Segurança Pública; Governo do Estado da Bahia, Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal, Conselho Nacional de Direitos Humanos e Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O gabinete de crise terá duração de 60 dias.
RadarNews
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