O diretor do Hospital Geral Menandro de Faria, Ramon Nelson Bezerra de Lima Souza, foi exonerado do cargo, nesta quarta-feira (27). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado da Bahia, com assinatura do governador Rui Costa (PT).
A mudança acontece após o caso do paciente Jeferson Bispo, que teve rim colocado em saco plástico e entregue para família no último sábado (23), para ser levado para biópsia. Para substituir Ramon Souza, de acordo com publicação, Vicente Miranda Borges assume o cargo provisoriamente. Ele já acumula outra diretoria da unidade.
Questionada sobre a exoneração e a relação com o caso, a Secretaria de Saúde do estado informou que “a mudança na diretoria do Hospital Menandro de Faria foi uma decisão a fim de aperfeiçoar a assistência na unidade”. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) reconheceu que houve falha no fluxo de atendimento e afirmou que a função já está sendo corrigida. “O material foi entregue novamente ao hospital, que providenciará a biópsia. Foi aberta apuração para identificação e correção do fluxo com reforço de treinamento da equipe”.
O estado de saúde de Jeferson é estável, embora esteja na UTI em observação, de acordo com novo pronunciamento do advogado da família, Ronicleiton Martins. Ele também reforça que ouviu dos profissionais de saúde do Menandro de Faria que o procedimento de saúde realizado em Jeferson era padrão. Ou seja, após a retirada de um órgão do corpo, deveria ser realizada a biópsia.“Mas o Cremeb [Conselho de Medicina da Bahia] afirmou que, se houvesse a necessidade da biópsia, o próprio Hospital deveria ficar encarregado do procedimento, e a entrega do rim para a família não era correto. Ninguém sabe explicar porque o procedimento era necessário”, ressaltou.
Através de nota, o presidente do Cremeb, Otávio Marambaia, classificou o caso de Jeferson Bispo como “uma situação precária, danosa e constrangedora para o paciente”.
Já o cirurgião, urologista e capelão, Ronaldo Barros, esclarece que a condição do rim dentro de um saco plástico – estando em condição correta de gramatura e formol totalmente embebecido – não interfere na feitura do exame. Para ele, é possível que o caso de Jeferson tenha sido uma “situação de excepcionalidade”, no entanto, reconhece que a situação choca a visão dos pacientes e familiares e que não é o ideal.
“Eu vivenciei serviço público, às vezes falta recipiente de vidro. E, normalmente, a gente tem visão leiga, mas saco plástico de gramatura satisfatória e dado em nó não ocorre evaporação. [Também] é possível que tenha sido optado por entrega em saco para conservar o tamanho do órgão. A entrega do órgão dentro de um saco deve ter havido algum motivo plausível”, defende.
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