O humorista Lucas AK foi indiciado pela Polícia Civil da Bahia, por agredir a então companheira, em Salvador. O caso foi registrado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) em 8 de maio, no feriado do Dia das Mães. A vítima, que tem um filho com o investigado e é digital influencer, divulgou o caso nas redes sociais.
O caso veio à tona na quinta-feira (26), depois que Kelly Pereira, que é natural do Rio Grande do Norte, publicou áudios e vídeos em que é agredida fisicamente e verbalmente por Lucas. Nesta sexta (27), a polícia informou que os dois já foram ouvidos, e que o agressor vai responder por lesão corporal.
Em um dos áudios divulgados por Kelly, Lucas diz que o erro dele foi não tê-la matado. Nos vídeos divulgados pela vítima, ele xinga e empurra a então companheira, a ofende com expressões gordofóbicas e atira as roupas dela no chão.
A Justiça autorizou uma medida protetiva de urgência, para proteger a integridade da vítima. O g1 não conseguiu acesso ao documento, porque o processo está em segredo de justiça, já que corre em Vara de Família. A reportagem tentou contato com Lucas AK, mas não obteve resposta.
Acompanhada de advogados, Kelly disse que se sentia culpada pelas agressões, e relatou que foi difícil sair do relacionamento abusivo.
“E eu senti que chegou o momento, de realmente todo mundo saber a verdade do que aconteceu nesses três anos. Eu vivi um relacionamento abusivo de três anos, onde eu acreditava que era culpada de tudo o que eu vivia. Se eu era agredida fisicamente, eu me sentia culpada. Se eu era agredida verbalmente, eu me sentia culpada", contou Kelly.
"Eu achava que eu tinha que esconder isso, para poupar o meu ex-companheiro de tudo o que poderia acontecer com ele, sem pensar em mim".
Kelly e Lucas têm um filho de 1 ano, o Valetim. No dia das mães ela foi agredida novamente e resolveu procurar a delegacia para registrar o caso.
“Nesse ocorrido que teve no dia das mães eu vi que não dava para continuar mais, não dava para continuar escondendo e protegendo alguém que nem se protege, nem me protegeu. Nessa história toda ainda tem um filho, que tem um aninho. Eu não sou daqui, sou do Rio Grande do Norte. Todo mundo sabe que eu não tenho família aqui, que eu não sou de muitos amigos, e esse foi um dos motivos de tanto tempo eu segurar isso", destacou a vítima.
"Eu tinha medo do que as pessoas iam falar de mim, eu tinha medo de ficar sozinha. Eu só tinha ele, eu não tinha mais ninguém, então foi muito complicado. É fácil falar: ‘Saia, que ele lhe agride fisicamente, saia’. Mas quem está ali dentro sabe que não é assim, não é fácil”.
A defesa de Kelly disse que todas as medidas jurídicas estão sendo tomadas e que as provas foram apresentadas à delegada que investiga o caso. Com a conclusão do inquérito, a polícia poderá pedia a prisão de Lucas pela Lei Maria da Penha, e encaminhar o processo ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que vai decidir se denuncia o agressor à Justiça.
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