segunda-feira, 16 de maio de 2022

Barbeiro morre após ser baleado ao sair do trabalho, na periferia de Salvador; suspeita do crime é policial civil

Um barbeiro de 39 anos foi baleado ao terminar o expediente de trabalho, na noite de sábado (14), no bairro da Cidade Nova, periferia de Salvador. Nesta segunda-feira (16), a família informou que ele teve morte encefálica confirmada, e que os protocolos de desligamento de aparelhos foram iniciados.

A vítima é o Neviton Rodrigues da Silva. Testemunhas contaram que havia um carro com som alto na Rua Vanderley Almeida, mas que esse veículo não era do barbeiro, que estava fechando a barraca onde trabalhava.

O suspeito é um investigador da Polícia Civil, identificado apenas como Adilson. Ele tem familiares no local e foi chamado por parentes, que reclamaram do barulho. A família da vítima detalhou que ele e Neviton eram amigos. O suspeito ainda não foi preso pelo crime.

Ainda conforme as testemunhas, não houve uma discussão entre os dois. O policial teria abordado Neviton já com violência e em seguida atirou, como explica a irmã da vítima, Elane Rodrigues.

“Ele veio já agredindo meu irmão, batendo no meu irmão. Meu irmão só falou: ‘Cara, para que isso?’. Ele bateu em meu irmão, que deu as costas e foi para casa do pai dele. Ele, como fica aqui, subiu no balcão e disse: ‘Eu já estou cansado disso, estou cheio de ódio’. Aí mirou diretamente na cabeça do meu irmão e deflagrou [disparou] um tiro”, contou.

Socorro e cena do crime limpa

Neviton foi socorrido pelos vizinhos para o 16º Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, depois transferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), por causa da gravidade dos ferimentos. Na unidade, a vítima passou por cirurgia, mas não resistiu por causa do estado gravíssimo de saúde.

Depois de atirar contra o barbeiro, o policial entrou na casa de familiares e, desde então, não foi mais visto. A mãe de Neviton, Neusa Rodrigues, falou que o filho tinha grande consideração pelo suspeito, a quem chamava de pai.

“Eu tinha ele [policial] como um amigo. Quando meu filho saía com ele para beber, meu filho ligava para mim e falava assim: ‘Minha mãe, estou com meu pai Adilson’. Eu conheço a família dele toda. Ele é um policial civil, e nós estamos aqui para reivindicar [justiça], porque assim... eu não sei o que ele tinha contra o meu filho”.

“Um rasta – que eu só conheço como rasta – que mora aqui, que é conhecido dele, invadiu a barbearia de meu filho, limpou a cena do crime, sumiu o celular do meu filho, sumiu a carteira com os documentos do meu filho. Tudo aqui nessa barbearia”.

Neusa contou ainda que um homem, que teria proximidade com o policial militar, invadiu a barbearia de Neviton e limpou a cena do crime.

O crime é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela Corregedoria da Polícia Civil. Ainda não há informações sobre o sepultamento de Neviton e a irmã dele pede justiça. “A gente só quer justiça, porque ele é uma autoridade e autoridade é para nos defender”, disse Elane.

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