quarta-feira, 13 de abril de 2022

Pesquisa aponta aumento das denúncias contra discursos de ódio na internet em anos eleitorais no Brasil

Um levantamento feito pela Safernet Brasil, associação civil que atua no combate aos crimes virtuais e violação dos Direitos Humanos na internet, apontou aumento de denúncias contra discursos de ódio no Brasil, no ambiente virtual. Os dados levantados neste mês de abril são de 2020 e 2018 e fazem comparativo com os anos que antecederam as últimas eleições municipais e presidenciais.

A Safernet recebe denúncias de 10 crimes contra os direitos humanos praticados com uso da internet. Os números mostraram que dos sete crimes que envolvem discurso de ódio que chegaram à Central Nacional de Denúncias, seis tiveram maior prevalência nos anos de eleições, em relação aos anos anteriores.

Entre os problemas apontados, estão racismo, LGBTfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia e apologia a crimes contra a vida. Apenas casos de intolerância religiosa não seguiram o mesmo padrão. Os casos podem ser denunciados no site da Safernet, através do link.

Crescimento do discurso de ódio nas eleições

Para a Safernet os indicadores apontam que as eleições tornaram-se, nos últimos anos, um campo fértil para o discurso de ódio, que desde 2018 têm registrado aumento no período eleitoral.

Em 2020, racismo e xenofobia registraram mais do que o dobro de denúncias em relação à 2019. Já as denúncias de neonazismo tiveram um crescimento de 840,7% em relação ao ano anterior. Em 2018, misoginia, xenofobia e neonazismo tiveram os maiores percentuais de crescimento.

Educação contra a barbárie

Para a Safernet, a repressão penal a esse tipo de delito deve ser associada a promoção de ações educacionais com foco na diversidade. Por isso, na terça-feira (12), a associação civil lançou a segunda edição do SaferLab, laboratório de ideias que apoia o protagonismo jovem na criação de conteúdos sobre direitos humanos para tornar a internet um lugar melhor - com mais diálogo e respeito.

Dez jovens criadores das cinco regiões do país contarão com mentorias, workshops e bolsas, para criar narrativas contrárias ao discurso de ódio. O lançamento foi marcado por uma live, transmitida no canal da Safernet na internet, que reuniu ativistas, pesquisadores e autoridades que estão na linha de frente do combate à intolerância.

Entre os participantes, estão a professora Lola Aronovich, da Universidade Federal do Ceará, Marcelle Decothé, do Instituto Marielle Franco, a Procuradora Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Neide Cardoso, e Juliano Cappi, doutor pela PUC-SP, com pesquisa sobre o discurso de ódio. Os quatro discutiram como esse tipo de narrativa tem crescido no Brasil desde 2018 e como essas mensagens afetam as pessoas na época de eleições.

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