quinta-feira, 7 de abril de 2022

Delegado que investiga mortes de empresário e funcionário de pousada de luxo na BA é trocado de delegacia

O delegado Rafael Magalhães, responsável pelas investigações das mortes do empresário Leandro Troesch, e do funcionário Marcel da Silva Vieira, conhecido como Billy, foi transferido da delegacia de Jaguaripe para Santo Antônio de Jesus.

A decisão da Polícia Civil foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (7). O documento assinado pela delegada-geral Heloísa Campos de Brito não explica o motivo da mudança.

De acordo com o Diário Oficial, o delegado a Cristóvão Eder Maia de Oliveira, da Delegacia Territorial (DT) de Cruz das Almas vai atuar em Jaguaripe.

A Polícia Civil da Bahia informou que a transferência de delegados, escrivães e investigadores é procedimento de praxe e ocorre regularmente, de forma transparente e pública, por meio do Diário Oficial do Estado, de acordo com os critérios internos da Instituição.

Segundo a polícia, a alteração na Delegacia Territorial (DT) de Jaguaripe foi apenas uma das mudanças realizadas neste mês.

Rafael Magalhães contou que descobriu a transferência após ouvir a amiga da esposa de Leandro Troesch, Maqueila Santos Bastos, presa em Salvador, nesta quinta-feira.

“Tenho quase 30 anos de Polícia Civil, acho um absurdo, uma falta de respeito ter me transferido assim, a toque de caixa sem ao menos um fundamento para fazer”, disse o delegado.

O delegado informou que vai entrar com um mandado de segurança para que a decisão seja revertida. “Meu advogado vai entrar com um mandado de segurança porque é inadmissível isso. Uma coisa que eu estou fazendo um trabalho bonito, um trabalho muito bem feito e infelizmente aconteceu esse episódio”.

O advogado do da família do empresário Leandro Troesch, Silas Coelho, disse que vai também vai entrar na Justiça com um mandado de segurança para que Rafael Magalhães continue nas investigações.

“Maqueila prestou depoimento por várias horas, entregou muitas informações preciosas, nós estamos no final do inquérito. Maqueila entregou hoje informações relevantes, nomes, situações que ocorreram e simplesmente o doutor Rafael foi retirado do caso”, reclamou.

Para o advogado de Maqueila Bastos, João Alves, o afastamento do delegado não atrapalha o rumo das investigações.

“Para o caso de Maqueila não, tendo em vista que tem algumas informações que eu não posso passar porque o inquérito ainda é sigiloso, porém Maqueila não tem nada a ver com homicídio ou com o suicídio, que é um fato a esclarecer”, afirmou o advogado.

Maqueila chegou a Salvador no começo da tarde de terça-feira (5). Ela estava presa em Aracaju (SE) desde o dia 24 de março.

Inicialmente, ela foi levada para o Instituto Médico Legal, onde passou por exames de corpo de delito e depois, foi encaminhada para a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca). O local foi escolhido porque possui carceragem para mulheres.

Além da suspeita de envolvimento no crime da pousada, ela possui uma longa ficha policial por estelionato. No momento da prisão, em Aracaju, no dia 24 de março, Maqueila Bastos estava com um carro locado em Belo Horizonte que não foi devolvido.

Ela teve a prisão temporária decretada no dia 14 de março. A suspeita respondia em liberdade a processos por estelionato e fez amizade com Shirley da Silva Figueiredo, esposa de Leandro, durante a prisão em 2021. Ao ser liberada pela Justiça, ela trabalhou na pousada Paraíso Perdido, a qual o empresário era dono.

Conforme informou o delegado Rafael Magalhães, Leandro Troesch não aprovava a amizade entre Shirley e Maqueila.

O empresário estava em prisão domiciliar na pousada pelo crime de sequestro e extorsão em 2001. Shirley da Silva Figueiredo também estava em prisão domiciliar, pelo mesmo crime.

De acordo com o delegado, após a Justiça determinar a soltura das duas mulheres, Shriley empregou Maqueila na pousada do marido. Quando Leandro foi solto, ele não gostou de saber da contratação da ex presidiária e pediu para que a esposa demitisse Maqueila.

Leandro foi encontrado morto no mês de fevereiro, em um dos quartos da pousada. Shirley da Silva Figueiredo também é investigada pela morte do marido porque foi a única pessoa que estava próxima do empresário quando ele morreu. Ela teve prisão decretada no mesmo dia que Maqueila.

Além disso, Shirley fugiu da pousada durante as investigações da morte do marido. Por causa disso, ela passou a ser considerada foragida da Justiça, já que não poderia deixar o local sem se comunicar. As informações são do G1-BA.

O advogado de defesa de Maqueila, Paulo Pires, nega participação dela na morte de Leandro. Além da morte de Leandro, a polícia investiga se Maqueila teve participação na morte de Marcel da Silva Vieira, conhecido como Billy. Ele era funcionário de Leandro e, considerado pela polícia, testemunha chave para esclarecer as circunstâncias da morte do empresário.

Na segunda-feira (4), um homem foi preso por suspeita de envolvimento na morte de Marcelda Silva Vieira, conhecido como "Billy". Ele foi detido na cidade de Ipiaú, na região sul. O suspeito é Joelton Santos Santana. Ele havia confessado o crime à irmã, antes de fugir. O inquérito da morte de Marcel foi concluído e encaminhado à Justiça no dia 29 de março. Cinco pessoas foram indiciadas pelo crime, mas identificação dos suspeitos não foi divulgada por causa da Lei de Abuso de Autoridade.

Ao todo, quatro pessoas já foram presas e um adolescente foi apreendido por envolvimento nas mortes de Marcel e de Leandro Troesch, dono da pousada "Paraíso Perdido". Entre as prisões está a de Maqueila Bastos.

Além dela, uma outra suspeita de envolvimento na morte do funcionário foi presa. De acordo com a Polícia Civil, a mulher, identificada como Jania dos Santos Santana, tinha um envolvimento afetivo com Marcel. A suspeita é que ela tenha atraído ele para que o crime fosse cometido.

Também já foi preso um homem identificado como Alan. Shirley, que é considerada foragida da Justiça, ainda não foi encontrada.

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