Rosivaldo Ferreira da Silva, o Cacique Babau, está orgulhoso do desempenho de estudantes do Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro, em Buerarema, no sul da Bahia. Na semana passada, três jovens egressas do colégio garantiram vagas em universidades públicas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Segundo o cacique, a alegria é de toda a comunidade. “São jovens que nasceram e cresceram aqui e sempre estudaram na escola indígena. Isso é ótimo. Recebemos notícias de vários parentes de outros povos que também tiveram seus representantes com acesso à universidade. Isso nos enche de orgulho e alegria e é um sinal de que os nossos jovens, além da formação dos seus povos, vão se fortalecer com o conhecimento universitário, assim como trazer benefícios para suas aldeias e para a luta pela causa indígena”, disse Babau, doutor honoris causa pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Stephany e Michelle estão entre jovens tupinambás aprovadas em universidades |
Aprovada em Medicina na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Sthefany Tupinambá afirma que a conquista dos estudantes indígenas ajuda e desmitificar preconceitos sobre a capacidade intelectual dos povos originários. “Estamos aqui pra mostrar que isso não é real”.
A estudante disse que lutou muito para atingir seu objetivo. “Mas, não desisti, pois meu povo sempre me deu forças. Pertenço à Nação Tupinambá, nasci dentro de uma família incrível e guerreira, que me proporcionou ensinamentos maravilhosos e ensinou a nunca desistir dos meus sonhos. Estar na universidade significa ocupar espaços com resistência, transformando o conhecimento em uma importante ferramenta de luta e descolonização do pensamento de muitos”.
JOVEM DEDICA INGRESSO NA UNIVERSIDADE À MEMÓRIA DO PAI
Michelle Nascimento tinha apenas 13 anos em 2015, quando seu pai, Adenilson Nascimento, foi morto por pistoleiros na Serra das Trempes, nos limites entre os municípios de Una e de Ilhéus. Hoje, aos 19 anos, a jovem dedica à memória do pai sua entrada no curso de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Tenho vários sonhos e quero realizá-los, pois, com certeza, este novo ciclo vai mudar a minha vida e a da minha família. Vou retribuir ao meu povo, que sempre esteve comigo. Sou uma mulher que passou por um grande sofrimento. Perdi meu pai, vítima de um assassinato, quando voltava de uma pescaria. É difícil estar sem ele. Ver todas as suas filhas formadas era o que ele sempre sonhou e hoje este sonho começa a ser concretizado. A memória dele me dá forças e sinto que ele está feliz e sempre estará comigo”, declarou Michelle.
Além de Stephany e Michelle, o Colégio Estadual da Serra do Padeiro também formou Aratiana Silva, que conquistou vaga no Bacharelado em Humanidades da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). //Pimenta.Blog
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