terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Moro afirma que saiu do governo ao perceber que Bolsonaro não combatia a corrupção

O ex-ministro da Justiça e agora pré-candidato à presidência da República, Sergio Moro (Podemos), afirmou, na manhã desta terça-feira (11), que o motivo da sua saída precoce do governo federal foi perceber que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não protegia “o projeto de combate à corrupção”.

“Não fui pelo cargo. Fui pelo projeto.[…] A corrupção sempre foi um problema no Brasil. Não o maior problema, mas ela vai se disseminando. Vai gerando uma ineficiência do estado.[…] Eu fui. Quando percebi que o projeto de combate à corrupção não estava sendo protegido pelo presidente, eu saí. Meu compromisso maior era com a população brasileira. Quando chegou o momento que vi isto estava sendo sabotado, eu saí. A gota d’água foi a troca da Polícia Federal”, disse Moro em entrevista à Mário Kertész, na Rádio Metropole.

Declaração vem após Bolsonaro voltar a dizer que o ex-ministro concordou com a substituição do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, pelo diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, caso ele fosse indicado a uma vaga no STF.

Ainda durante a conversa com o jornalista, Moro negou que a Operação Lava Jato tenha sido responsável pela eleição de Bolsonaro em 2018. Segundo ele, o “grande eleitor” foi a “frustração das pessoas com o mundo político”.

“Não foi isso. A Operação Lava Jato vem depois de um caso no Supremo, o Mensalão. A corrupção no Brasil era muito grande. Mas não tinha ideia da envergadura. O sistema político no Brasil é envolvido em corrupção. Em 2018, o sistema não conseguiu empunhar essa bandeira da integridade, da seriedade. Em certa maneira, o atual presidente se aproveitou disso. Mas, antes das eleições, eu nem conhecia ele. No fundo, a responsabilidade não foi da Lava Jato. Foi do sistema político que não conseguiu apresentar um candidato”, disse.

Após a eleição de Bolsonaro, Moro pediu exoneração do cargo de juiz e se tornou Ministro da Justiça. “Nunca imaginei que isso seria política pública. Não entrei no governo pelo poder. Se tivesse entrado pelo poder, estaria lá até hoje. Fui por um projeto de combate à corrupção. E isso Bolsonaro não seguiu”, reforçou.

Lula

Responsável por julgar o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Operação Lava Jato, Moro afirmou que “não existe ninguém acima da lei” e chamou de “conversa fiada” as declarações de que a operação levou o país a “quebradeira”.

“Não existe ninguém acima da lei. Se a gente não der um passo civilizatório, a gente não anda como país. Por que o Brasil não se desenvolve? Por que tem essa percepção que tem gente acima da lei. Esse desmonte progressivo da Lava Jato é um retrocesso. Como é difícil que pessoas poderosas respondam por seus crimes. Pessoas que foram presidentes. Deputados ricos ou donos de empreiteira. E esse desmonte da Lava Jato é isso. Isso é frustrante para a população brasileira que é honesta.[…] Dizer que a Lava Jato levou à quebradeira é conversa fiada. De quem fez coisa errada e quer culpar a Lava Jato por isso. Mas o culpado é o corruptor”, disse Moro.

Ainda na entrevista, o pré-candidato defendeu o fim do foro privilegiado e o fim da reeleição. “Se a gente não der esse primeiro passo, nunca vai melhorar como país”, pontuou.

Pesquisas

Sergio Moro tem aparecido em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás apenas de Lula (PT) e de Jair Messias Bolsonaro (PL). Ex-juiz chegou a somar 11% das intenções em uma determinada pesquisa.

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