segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

'Vocês mataram um cara bom', diz lutador de MMA após pai ser morto durante ação policial em Salvador

"Podem ter a certeza que a vida não é nada, e eu estou aqui para morrer como meu pai morreu, mas não vou abaixar a minha cabeça para nenhum de vocês. Vocês mataram um cara bom, e isso não vai ficar assim". O lutador de MMA Antônio "Malvado" Trocoli voltou a se manifestar neste domingo (19) sobre a morte do pai dele, que aconteceu durante uma ação policial em Salvador.

Na última sexta-feira (17), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que está ciente da morte de Antonio José Trocoli da Silveira. O órgão ainda detalhou que instaurou um inquérito para apurar a caso.

Antonio José Trocoli, 56 anos, era servidor do Tribunal de Contas da Bahia e morreu durante uma ação policial realizada na Avenida Garibaldi, na noite de quarta-feira (15). O velório dele foi realizado no final da manhã de sexta-feira (17) e o sepultamento ocorreu às 15h, no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana.

Antonio deixou esposa e quatro filhos, um deles é o lutador de MMA Antônio "Malvado" Trocoli, que questionou a versão da PM. Segundo policiais, o servidor teria sacado um simulacro de arma durante ação dos agentes.

Os familiares do servidor negam que ele tenha sacado um simulacro de arma de fogo durante abordagem.

Em uma de suas redes sociais, o lutador Antônio "Malvado" postou uma série de publicações em uma rede social, onde contesta a versão da PM. Ele divulgou um vídeo com o suposto momento da operação que resultou na morte do pai.

Nas imagens, um homem, aparece com as mãos na cabeça. A família diz que quem aparece no vídeo é Antonio José. Em uma das imagens, onde não é possível ver o homem rendido, tiros são ouvidos. O lutador escreveu nos vídeos: ‘Com a mão na cabeça? Isso é defesa aonde?’.

Em contato com o g1, o lutador se mostrou revoltado com a situação. "Ninguém havia contestado, mas agora tem o vídeo. O vídeo mostra o que aconteceu, mostra meu pai rendido. Nós, da família vamos tomar providências", contou o lutador.

O irmão do servidor, Álvaro Silveira também questiona a versão da PM. "Eu não posso acreditar e não quero acreditar que um homem de 56 anos ia apontar uma arma de brinquedo para não sei quantos policiais. Tem que saber o que aconteceu. Tudo tem que ser apurado", disse Álvaro.

A Polícia Militar afirma que Antonio José estaria agredindo pedestres em via pública na praça. Uma viatura teria ido ao local e ao identificarem o homem, os PMs teriam ordenado que o Antonio José colocasse as mãos sobre a cabeça para a abordagem. Porém, ele teria sacado uma arma de forma abrupta, e os militares reagiram. Ele foi baleado.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) chegou a socorrer Antonio José Trocoli da Silveira para o Hospital Geral do Estado, mas ele não resistiu aos ferimentos.

A PM disse que após a ação, foi identificado que o objeto usado por Antonio José era um simulacro de arma de fogo. O caso foi registrado na Corregedoria da Polícia Militar, que também vai analisar e apurar os vídeos divulgados nas redes sociais. Em nota, a corporação disse que "após todo auto de resistência é instaurado um inquérito policial para apurar as circunstâncias da ocorrência".

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