O escritor Paulo Coelho comunicou, através das redes sociais, que se dispõem a arcar com o valor dos gastos do Festival do Capão, evento realizado na Chapada Diamantina, na Bahia, que foi reprovado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) de ter apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet).
A postagem foi realizada na madrugada desta quarta-feira (14). Com uma foto ao lado da esposa, Christina Oiticica, com quem tem uma fundação, Paulo escreveu: "A Fundação Coelho & Oiticica se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei Rouanet (R$ 145,000) Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia".
O G1 entrou em contato com os organizadores do evento, que ainda não estavam cientes da disponibilidade de ajuda.
A Funarte reprovou o pedido de apoio do Festival de Jazz do Capão, via Lei Rouanet e citou Deus em um parecer técnico para essa reprovação. Além disso, o documento da Funarte menciona uma publicação em rede social em que o evento se posiciona como "um festival antifascista e pela democracia", para embasar o parecer de indeferimento do pedido.
A postagem do Festival, feita em 1º de junho do ano passado, diz: “Não podemos aceitar o fascismo, o racismo e nenhuma forma de opressão e preconceito”. O texto do parecer emitido pela Funarte à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura cita a postagem, que funciona como um slogan para "divulgação", com a denominação de Festival de Jazz do Capão, no Facebook.
“Destarte, conforme consta no link https://www.facebook.com/FestivJazzCapao/, localizamos uma postagem do dia 1º de junho de 2020, com uma imagem, contendo um slogan para 'divulgação', com a denominação de Festival de Jazz do Capão, na plataforma Facebook, a qual complementou os fundamentos para emissão deste Parecer Técnico. Para tanto, printamos a imagem e a mesma foi encaminhada para à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, para upload no Salic, como complementação da apreciação deste parecer”, diz trecho do documento.
No texto, a Funarte cita uma frase atribuída ao músico alemão Johann Sebastian Bach, que morreu em 1750: "O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma", afirma.
O parecer destaca também que “por inspiração no canto gregoriano, a Música pode ser vista como uma Arte Divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus”. Também citou que “A Arte é tão singular que pode ser associada ao Criador”.
Por fim, concluiu que “a candidatura deste que se postulou a Arte ao concorrer à categoria de Projeto Cultural, apresenta-se desconfigurada e sem acepção a esse atributo. Portanto, o sumário de propositura à chancela do MTur deve ser conduzido ao indeferimento, S.M.J. deste Ministério”.
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