Uma operação da Polícia Civil do Piauí prendeu suspeitos de integrar um grupo criminoso que aplicava golpes pela internet, com vítimas em todos os estados do Brasil. O líder da organização, segundo a polícia, seria um homem que é tetraplégico, conhecido como Branco, suspeito de se passar por um pai de santo. Só em 2020 a organização aplicou mais de R$ 2 milhões em golpes.
A operação “X” foi liderada pelo delegado Anchieta Nery, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), e foi deflagrada no dia 30 de abril na cidade de Teresina, com o cumprimento de três mandados de prisão temporária, contra a mãe, o irmão e o tio de "Branco". Todos atuavam na organização criminosa, segundo o delegado.
Como o suspeito de liderar os crimes é tetraplégico, ele não foi preso, mas foi determinada medida cautelar que proíbe que o homem entre em contato com as vítimas e proíbe ele de manter contas em redes sociais.
A Polícia Civil ainda deu cumprimento a cinco mandados de busca e apreensão, além do sequestro de bens obtidos por meio de crime, como imóveis, veículos e ativos financeiros.
“Iniciamos esse trabalho após a informação de que uma pessoa da Zona Norte de Teresina estava praticando golpes online e tinha um modo de vida bastante incompatível com a sua renda. Foram necessários mais de seis meses para entender toda essa engenharia criminosa, além da participação de cada um dos investigados, e localizar o patrimônio obtido com o crime”, explicou o delegado.
A polícia apurou que a organização criminosa usava as redes sociais com o objetivo de aplicar golpes. O líder usava dois perfis falsos para oferecer serviços por meio de anúncios em sites. “Ele montou perfis de dois personagens e oferecia os serviços desses personagens em vídeos online. Um dos personagens é um suposto hacker, que oferecia o serviço de invadir o celular, poderia ser do companheiro de alguém ou de um patrão, por exemplo. Também tinha um personagem de um suposto pai de santo que oferecia serviços espirituais, como trazer de volta a pessoa amada, ou vaga de emprego”, disse o delegado Anchieta Nery.
Usando esses dois "perfis profissionais", o homem conseguiu vítimas que acreditavam que o serviço seria realizado. “As pessoas acreditavam que realmente estavam diante de alguém que faria o serviço, então elas contratavam, transferiam os valores e logo depois ele bloqueava essas vítimas”, informou o delegado da DRCI.
Com o golpe, a polícia estima que a organização criminosa tenha faturado mais de R$ 2 milhões somente no ano de 2020. Já neste ano de 2021, a polícia acredita que em quatro meses os criminosos faturaram mais de meio milhão.
“Aguardamos ainda a resposta de outras instituições financeiras [sobre os valores recebidos pelo grupo], pois a função dos demais membros da associação, que tem o tio, o irmão e a mãe do Branco, era criar contas em várias instituições financeiras para movimentar esse dinheiro, ocultar e depois fazer a lavagem de dinheiro”, explicou.
Com os golpes, os criminosos aplicavam os valores principalmente na compra de imóveis, com o objetivo de garantir licitude ao dinheiro que foi conseguido por meio de golpes.
O delegado Anchieta Nery afirmou que foram identificadas vítimas nos 27 estados da federação, mas que muitas não prestaram queixa devido ao tipo de serviço que contrataram.
“São centenas de vítimas nas 27 unidades da federação, mas poucas vítimas possuem o desejo de representar criminalmente contra ele, porque quem foi vítima do personagem pai de santo, tem uma certa vergonha de dizer que contratou esse serviço. Quem foi vítima do personagem hacker tem dificuldade de colaborar com a polícia, pois estava contratando um serviço que é um crime, que é invadir o dispositivo de alguém”, explicou.
O delegado ainda pediu que a população fique mais atenta para evitar cair nesse tipo de golpe que é aplicado na internet.
“Não é o trabalho policial que vai evitar ter novas vítimas de golpes virtuais, mas o que vai evitar isso é a educação digital, que é alertar, criar campanhas educativas, e fazer com que a população entenda, que se deseja usar a internet, precisa entender mais daquilo e não acreditar no que as pessoas dizem ser na internet”, pontuou.
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