As campanhas de ódio e a disseminação de notícias falsas contra a vacina CoronaVac nas redes sociais comprometeram a imunização no Brasil e atrasaram a entrega de 12 milhões de doses do imunizante contra o coronavírus, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ainda segundo a pesquisa, o maior volume de publicações no Twitter sobre a CoronaVac aconteceu em janeiro de 2021, período em que a vacinação no país teve início e que o imunizante teve papel de destaque. Além disso, ao longo de 2020 e 2021, o crescimento do volume de publicações na rede social teve como principal objetivo atacar à vacina.
O estudo também aponta que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve participação nesse processo. Os pesquisadores analisaram 75 discursos do presidente, publicados na página do Planalto e que fazem referência à pandemia, sendo que 19 contêm referências às vacinas e à vacinação. Nos discursos, constam quatro referências diretas ou indiretas à CoronaVac em que ele se refere ao imunizante como “aquela vacina” de “aquele país”.
No Twitter e no Facebook, Bolsonaro demonstrou a sua oposição à compra da vacina pelo Ministério de Saúde, além da aplicação dela na população brasileira, inclusive, se recusando a utilizar o nome correto da CoronaVac. Aliado a isso, influenciadores bolsonaristas tiveram um papel importante na desinformação da população ao publicarem postagens questionando a eficácia da vacina.
Através do cronograma atualizado em fevereiro de 2021 pelo Ministério da Saúde e as entregas de IFA da China com atraso ao Instituto Butantan, segundo o estudo, há um déficit de 12 milhões de doses que já deveriam ter sido distribuídas ao SUS.
Nas redes sociais, o Instituto Butantan, responsável pela fabricação da CoronaVac no Brasil, repudiou as campanhas de ódio e a disseminação de notícias falsas contra o imunizante. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também utilizou as redes sociais para se manifestar e declarou que as informações apontadas pela pesquisa são “gravíssimas”.
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