A deputada federal Dayane Pimentel (PSL-BA) comentou a mensagem do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que subiu o tom contra o governo de Jair Bolsonaro e afirmou que a crise pode resultar em "remédios políticos amargos" a serem usados pelo Congresso, alguns deles fatais. Em entrevista a Mário Kertész hoje (26), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ela afirmou que o recado foi, ao mesmo tempo, para os setores políticos e também para a sociedade.
"A maioria das pessoas sabe que eu não apoiei a eleição do deputado Arthur Lira como presidente. Mas entendo que ele, no papel de presidente, está tentando fazer a coisa da melhor forma, até porque são 513 deputados que estão ali dentro e um presidente da Câmara não iria cair na besteira de fazer algo nesta dimensão. A situação é calamitosa. O recado que Arthur Lira passa, ele não passa apenas para o mundo político, mas também para a sociedade", afirmou a deputada.
"É um recado meio que para a sociedade para dizer que estamos de olho e atentos, como se o presidente Bolsonaro não pudesse sair por aí fazendo o que quer. Resta agora entender e saber até quando vai esse limite e quando é que teremos desse cartão amarelo passar para o verde, com a devida conduta do presidente, ou se definitivamente passará para o cartão vermelho e estagnarmos de uma vez essas ações maléficas para a nossa sociedade", disse a parlamentar.
Dayane comentou a adesão ao bolsonarismo e como se arrependeu de ter se aliado ao presidente nas críticas às instituições. Autoproclamada "deputada federal de Jair Bolsonaro na Bahia" nas eleições de 2018, Dayane Pimentel rompeu com Bolsonaro em outubro de 2019 após não aceitar a articulação do presidente de indicar o filho Eduardo Bolsonaro para assumir a liderança do PSL na Câmara.
O rompimento também deu origem a uma série de atritos entre ela e os filhos do presidente nas redes sociais. Questionada por MK, Dayane comentou a adoção de termos por parte do presidente no sentido de dizer que ele teria as Forças Armadas ao lado dele como um exército pessoal. "O Exército não é dele, nem quando ele fez parte e muito menos agora. Exército é do Estado, não de um governo. O bem da verdade é que, nesses meus dois anos de política, aprendi muito mais em minha vida do que em minha vida inteira. A política é muito dinâmica, é uma grande roda gigante e a gente sobe e desce o tempo inteiro. Existem as metamorfoses de pensamento e opinião. Se me perguntar se eu me coloco na esquerda da política, não, eu não me coloco", afirmou a deputada federal.
Dayane continuou e se mostrou arrependida de ter endossado críticas à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a setores da imprensa. "Eu me pego lembrando de vezes que subi no trio no Farol da Barra e criticava de forma aleatória, a OAB, a imprensa e o STF simplesmente para mostrar ao Bolsonaro que, como soldado dele, eu estava fazendo aquilo que gostaria de ver. Com essas situações, a gente começa a aprender que não tem como a gente julgar uma instituição por conta de algumas pautas ou atitudes isoladas. Eu gostaria de pedir aqui compreensão dessas declarações em que, de repente, eu pude machucar algum trabalhador de instituição ou até da própria imprensa. Nunca foi a minha intuição chegar e descredenciar STF, imprensa e nem ninguém, mas criticar de forma pontual algumas atitudes. Hoje eu vejo que muitas dessas atitudes eram reações a aquilo que o presidente Bolsonaro trazia como ação", pontuou.
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