O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Paulo Coutinho, prestou esclarecimentos sobre a ação da PM na contenção do policial Wesley Soares, morto em uma troca de tiros na noite de ontem (28). Wesley dirigiu-se ao Farol da Barra, em Salvador, aparentando um quadro de surto psicótico e, por volta das 14h, começou a atirar com um fuzil, primeiramente para o alto e, no final da tarde, contra a própria tropa da Polícia Militar presente no local. Houve uma reação, o soldado foi baleado e encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde acabou morrendo no final da noite.
Segundo o comandante da PM, foram utilizados recursos de uso progressivo da força, no momento da atuação. “A situação não permitia, inclusive pela distância, a utilização de uma pistola de condicionamento. A tropa estava sendo atacada com uma arma de guerra, um fuzil. Efetivamente, é um potencial de letalidade grande. As ações foram desencadeadas com o objetivo de retirá-lo do enfrentamento”.
O coronel informou também que a PM possui equipe de psicólogos para atender a tropa. “Temos uma equipe de psicólogos e fomos reforçados, recentemente, com 20 psicólogos clínicos para atendimento de policiais militares em todo o estado”.
O coronel Coutinho destacou ainda que a instituição está prestando todo o apoio à família de Wesley. “Um policial militar que não apresentava problemas de comportamento, não deu sinais em qualquer momento de distúrbios, trabalhava em Itacaré, assumiu o serviço ontem [domingo, dia 28] pela manhã em Itacaré e dirigiu-se ao Farol da Barra, armado, pra fazer aquela situação que nós nos envolvemos como ocorrência crítica, no veículo dele próprio. Trouxemos, inclusive, uma irmã dele, no helicóptero da corporação, em uma tentativa de negociação para encerrar aquela situação”, revelou o comandante-geral.
Associação de Praças da PM-BA emite nota de repúdio contra morte de Wésley
A Associação de Praças da Polícia e Bombeiro Militar da Bahia (APPMBA) repudia veementemente o desfecho fatídico da operação no Farol da Barra, neste domingo (28), onde o policial militar, Wesley Soares de Góes, em claro surto psicótico, foi abatido sob o olhar inúmeras pessoas que esperavam um outro desfecho da ocorrência. Principalmente porque quem estava do outro lado fazendo a mediação também era policial militar.
O "grito" do SD PM Wesley foi a reação de um ser humano, policial militar, querendo ser ouvido e notado. O objetivo dele não era ferir ninguém e hoje a preocupação é: "Quantos Wesleys temos na corporação passando por problemas psicológicos e o que causou essa reação no policial cumpridor das suas obrigações?"
É necessário que o Estado invista de forma intensa no tratamento psicológico da tropa. O policial não é robô para trabalhar sob forte pressão, seja dentro dos quartéis ou nas ruas, onde o enfrentamento à violência tem sido cada dia mais letal.
As cobranças por números e estatísticas, sem a preocupação com o "ser humano policial militar", tem provocado reações psicológicas sem precedentes. Esperamos que o grito de Wesley não tenha sido em vão, esperamos também uma apuração rigorosa sobre esse episódio do ponto de vista de quem autorizou os disparos, uma vez que o momento era de negociação.
A APPMBA se solidariza com a família e os colegas que perdem um grande guerreiro.
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