quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Cantor Belo é preso em investigação sobre show em área de tráfico no Rio

O cantor Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi preso no começo da tarde desta quarta-feira (17), pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O artista foi detido durante a participação em programa de rádio, na cidade de Angra dos Reis. Ele foi indiciado pelos crimes de epidemia, esbulho possessório e organização criminosa.

Belo é alvo de uma investigação aberta após ele realizar um show dentro de uma escola estadual no Parque União, localidade do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. A área é dominada por traficantes.

A apresentação do pagodeiro reuniu uma multidão, apesar da proibição de autoridades para festas e blocos de carnaval que formem aglomeração na tentativa de conter a disseminação da pandemia do coronavírus.

O show foi filmado pelo próprio público e postado em diversas redes sociais. No vídeo é possível ver centenas de pessoas aglomeradas no local. A assessoria de imprensa do cantor, disse à CNN que o show foi feito seguindo todos os protocolos de segurança e lembrou que as praias estão lotadas, assim como os transportes públicos, e só quem sofre as consequências são os artistas.

“Fomos contratados por uma produtora!! Temos contrato firmado com essa empresa! Quanto ao local não cabe ao artista! Fomos contratados para fazer o show e cumprimos o que foi acordado! Sem mais”, afirmou a assessoria do artista.

Segundo a Polícia Civil, uma produtora de eventos, por meio de seus sócios e administradores, realizou e promoveu um show musical, que durou até a manhã do sábado (13), em uma escola pública estadual, sem autorização da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), onde houve grande aglomeração de pessoas e risco de propagação e contaminação da Covid-19. O evento aconteceu na comunidade onde uma das maiores organizações criminosas do Rio de Janeiro atua.

“Como se tal situação, por si só, não fosse absurda e suficiente para uma resposta do estado, foi verificado junto à Seeduc que o evento ocorreu sem qualquer autorização, configurando verdadeiro esbulho/invasão de um prédio público para a realização de um evento privado, contrário ao interesse público e que serviu para propagar ainda mais a doença viral” frisa o titular da DCOD, delegado Gustavo de Mello de Castro.

Segundo a DCOD, a invasão de um estabelecimento de ensino, localizado na comunidade Parque União, uma das áreas mais conflagradas do estado, onde a maior organização criminosa do Rio de Janeiro atua, somente poderia ocorrer com a autorização do chefe criminoso da localidade, que controla a localidade há anos e figura como indiciado em diversos procedimentos policiais, sendo, inclusive, um dos bandidos mais procurados do Estado.

“Verifica-se que o cenário desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o “evento contagioso” não foi autorizado pelo Estado, mas pelo chefe criminoso local, que também teve a sua prisão preventiva decretada”, declara o delegado.

Além das prisões, a Justiça também decretou a suspensão das atividades da sociedade empresária e bloqueio das contas bancárias dos investigados, até que se apure os prejuízos causados pela conduta criminosa.

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