O depoimento da agente comunitária de saúde, Lucineia Oliveira, retrata uma fase difícil enfrentada, atualmente, pela ASBE – Associação Sul Baiana de Equoterapia de Itabuna. As atividades equoterápicas gratuitas, voltadas para pessoas com necessidades especiais, continuam suspensas por causa da pandemia, mas os atendimentos estavam previstos para serem retomados no segundo semestre de 2020. As 48 famílias atendidas estavam na expectativa de dar continuidade às terapias com cavalo que melhoraram, significativamente, a saúde dos praticantes. A agente Lucineia conta que a filha era muito agitada e com dificuldade em se socializar e se concentrar. Pior, a garota pensava em suicídio. Com as sessões de equoterapia acompanhadas pela equipe multidisciplinar da ASBE, coordenada pela Psicóloga Kathigiane Brito, a estudante apresentou mudanças positivas. Ela passou a ficar mais calma, conseguiu se socializar, se concentrar e dormir melhor. “Houve um avanço muito grande no colégio. Ver minha filha sendo mais independente e se desenvolvendo na escola é uma felicidade que não tem preço”. Comemora a mãe.
ENTENDA A SITUAÇÃO ATUAL DA ASBE
A situação atual da ASBE é preocupante devido a problemas de gestão. A presidente Marisângela Moura, instituída pelo tenente Faustino, atual diretor financeiro e fundador da ASBE, contrariou os membros da diretoria da associação ao tentar firmar um acordo de cooperação técnica com a Cavalaria, excluindo a diretoria do processo. Em uma das cláusulas, consta que as construções e benfeitorias realizadas na área da Cavalaria da PM serão incorporadas ao patrimônio da PM-BA, ou seja, a Cavalaria vai assumir todo o patrimônio. A associação sempre funcionou na área da Cavalaria da Polícia Militar de Itabuna, em parceria com o comando do Esquadrão de Polícia Montada que disponibiliza espaço, animais, médico veterinário, e alimentação dos animais. Em toda a história da Associação nunca houve impasse entre as partes, pelo contrário, as atividades sempre foram oferecidas em total harmonia com a PM. As famílias beneficiadas eram acolhidas e acompanhadas por uma equipe multidisciplinar da ASBE, pelo menos uma vez na semana, durante 30 minutos de sessão. O trabalho diferenciado com excelentes resultados foi destaque várias vezes na mídia, atraindo pacientes e voluntários de outros municípios da região, e chegou a contar com uma fila de espera de mais de 480 pessoas.
Houve uma grande mobilização para captar recursos financeiros a fim de construir a sede da ASBE, e em dezembro de 2019, a associação recebeu do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), por meio da Drª Eloína Machado, Juíza do Trabalho, um recurso no valor aproximado de R$380.000,00, bem como, doações dos Amigos do Bem de Itabuna, do Colégio IEPROL, de campanhas beneficentes, como rifas e festival de tortas, e a realização da Cavalgada da Independência. Em janeiro de 2020, a sede começou a ser construída, e em maio do mesmo ano, já tinham sido concluídas as salas para atendimentos específicos em fisioterapia, psicologia, sala multiuso, banheiros adaptados, além da copa/cozinha e sala administrativa. Em junho de 2020, foi iniciada a construção da cobertura do picadeiro de atendimento equoterápico e equitação terapêutica. Os investimentos realizados pela ASBE Equoterapia de Itabuna, na área da Cavalaria, totalizam mais de R$ 465mil reais.
Durante a construção da sede e contrariando a vontade da diretoria da ASBE, a presidente Marisângela Moura, junto ao atual comandante da Cavalaria, procurou a Juíza e mencionou a possibilidade de transferir o patrimônio, ora em fase de conclusão. Teria ouvido da magistrada que o recurso financeiro liberado havia sido vinculado à Associação Sul Baiana de Equoterapia, instituição jurídica e independente, e que tal procedimento não seria possível. “O recurso é público e tem que servir a toda a sociedade. O patrimônio construído não pertence à ASBE e nem à Polícia Militar, pertence à sociedade Grapiúna, e não pode ser entregue dessa forma”. Questiona o fundador da ASBE, tenente Faustino.
Em uma reunião realizada na sede da Cavalaria para apresentar o “termo de cooperação técnica”, a subtenente que chefia o setor de equoterapia, repetiu o discurso de que a “Equoterapia é da PM, para policiais e seus familiares, pois a tropa está doente”. Membros da diretoria da ASBE (vice-presidência e tesouraria) estavam presentes na reunião e se manifestaram contra, pois a ASBE foi criada para oferecer terapias assistidas com cavalos, de forma gratuita a todos que dela necessitam. A presidente Marisângela Moura, não questionou o referido posicionamento da policial. O assunto repercutiu na imprensa e houve uma grande mobilização por parte de algumas autoridades locais e artistas da região, defendendo a “EQUOTERAPIA PARA TODOS”. Após essa repercussão, o comando da Cavalaria mudou o discurso informando que ampliaria o atendimento para outras famílias, entretanto, o processo de seleção para atendimento seria feito pela cavalaria e não mais pela ASBE que sempre ofereceu capacitação técnica para fazer a avaliação com as famílias. “Já tentamos o diálogo com todos os envolvidos, inclusive com a atual presidente da ASBE, que não se manifesta de hipótese alguma e não nos representa. Estamos admirados com a falta de atitude dela, diante de toda essa situação. Eu tenho uma responsabilidade diante da Justiça do Trabalho, dos Amigos do Bem de Itabuna, do Colégio IEPROL, e perante todas as pessoas que contribuíram e contribuem para o avanço da equoterapia na região. Estamos buscando apoio de autoridades políticas locais e regionais e não vamos parar até que se encontre uma solução. Eles estão resistentes, causando prejuízos incalculáveis, sobretudo para os praticantes e seus familiares”. Lamenta Faustino
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