Do G1/Bahia
Aos 16 anos, a modelo baiana Monique Lemos, ou Munik, como escreve nas redes sociais agora, estuda inglês e prepara o corpo para o retorno ao trabalho após o período de pandemia do coronavírus. Dedicação que é necessária para a carreira, mas que já é característica de muito antes quando, aos 13 anos, ela vendia peixe frito nas praias de Salvador. O dinheiro que ganhava servia para ajudar a família e também para comprar o primeiro salto alto.
Monique foi descoberta como modelo no Afro Fashion Day, evento realizado anualmente pelo jornal Correio*, ainda aos 13 anos. À época, ela recebeu a oportunidade através de Vivaldo Marques, o jovem de 20 anos, que também é baiano e segue como agente dela. Desde então, ela investiu todo tempo na carreira e atualmente faz parte da agência Way Model.
"Fiz uma prova do Afro Fashion Day de bairro. Eu era uma menina muito nova, minha mãe me inscreveu. Passei pela primeira, segunda e terceira etapas. Lá eu conheci o Vivaldo, que me deu diversas oportunidades. E foi de lá para cima", lembra.
Além das passarelas, Monique também participou do clipe “Me Gusta”, gravado por Anitta em Salvador, em fevereiro deste ano.
"Como o clipe foi aqui em Salvador, participei do casting que fizeram e me botaram no clipe. Foi maravilhoso, conheci pessoas incríveis, profissionais, conheci Léo Kret, Anitta, desfilei lá”, lembra.
Com a carreira como modelo deslanchando, Monique pode então deixar o trabalho na praia que conseguiu através da amiga de uma vizinha. À época, ganhava entre R$ 30 e R$ 50 por dia.
"Era um trabalho duro, cansativo. Eu chegava às 9h e soltava às 18h30. Pegava uma bandeja pesada de peixe, andava a praia toda, às vezes o freguês não queria e eu tinha que voltar. Ganhava de R$ 30 a R$ 50 por dia, talvez menos, sem transporte. Eu almejava ajudar dentro de casa. Também meu primeiro salto foi com esse dinheiro", conta.
Conforme relata o agente Vivaldo Marques, foi nesse trabalho, na praia, "desfilando" sob o sol quente, que Monique foi encontrada por ele.
"Um dia eu estava na praia da Ribeira e ela vendendo peixe. Daí eu pensei: 'essa menina é um escândalo'. Ela andava desfilando na praia, de brinco, de óculos e eu ficava chocado com a forma que ela agia. Quando o pessoal fala que eu achei Monique, na verdade eu acho que ela me achou", destaca Vivaldo.
Mesmo tão jovem, Monique seguiu firme com o sonho de ser modelo. E contou com a ajuda dos pais. Ela deixou o bairro de Periperi para viver em São Paulo, onde vai se mudar em definitivo após a pandemia do coronavírus.
"Estou estudando inglês, fazendo curso para quando voltar para São Paulo estar com inglês fluente. Estou treinando também, questão de corpo, essas coisas. A minha família encarou me ajudando muito. Levei uma parte do dinheiro vendendo na praia para São Paulo, quando fui. Meu pai me ajudou, deu a metade do salário dele, de R$ 500, para viajar".
Agora os papéis se inverteram, e Monique busca ajudar a família. Convicta do que quer para a carreira, busca dar um lar melhor para os pais.
"Meus pais não foram comigo para São Paulo, fui sozinha. Agora é ao contrário. No lugar deles me ajudarem, eu ajudo eles, compro alguma coisa. Estou sempre aqui. Ainda não estou rica para dar uma casa, mas minha meta é essa: dar uma mansão para meu pai, minha mãe, dar uma vida melhor para os dois. Essa é minha meta".
"Sempre encarei, nunca pensei em recuar. Sempre pensei em ir mais à frente. Se fosse para recuar, era para subir mais ainda”, conclui.
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