sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Bolsonaro critica Cid em live e diz não ter habilitação para dirigir retroescavadeira

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou indiretamente nesta quinta-feira (20) o senador Cid Gomes (PDT), baleado ao investir com uma retroescavadeira contra um quartel tomado por policiais militares amotinados no Ceará), e disse não ter habilitação para dirigir o veículo.

As declarações foram feitas durante transmissão ao vivo pela internet em uma rede social. Bolsonaro citou o episódio envolvendo o irmão do ex-candidato Ciro Gomes (PDT) em duas ocasiões durante a live, que contou com a participação do ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) e do secretário da Pesca, Jorge Seif Jr.

Na primeira menção, criticou reportagem que diz que um vereador bolsonarista liderou o motim no quartel no Ceará. Alfinetando a imprensa, Bolsonaro disse: "Olha só, hein, o motim lá se deve a um vereador bolsonarista. Eu queria só que vocês me apresentassem ele, me apresente o vereador aí".

Em seguida, perguntou a Onyx se ele achava que "aquele cara lá, não fala o nome dele não, que subiu no trator e foi empurrar o portão lá com crianças, com mulheres, ele agiu corretamente ou não, não fala o nome dele não?".

"Evidente que não, né presidente. Aí é uma irresponsabilidade, um desequilíbrio, um ato que colocou em risco a vida de muitas e muitas pessoas. E é evidente que quando tu tem tua vida em risco, tu tem o direito à legítima defesa", respondeu o ministro.

Cid Gomes, que tem 56 anos e está licenciado do Senado desde dezembro para atuar nas eleições municipais no Ceará, dirigia a retroescavadeira e tentou investir contra o portão do batalhão tomado por PMs. O trator foi alvejado e teve os vidros estilhaçados.

Cerca de cinco minutos depois, Bolsonaro chamou para o vídeo o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ) e comentou que deve passar o Carnaval no Guarujá (SP). Em seguida, afirmou que, por segurança, precisa ficar em lugares reservados. Ainda assim, continuou, disse que sempre procurar "dar uma fugidinha".

"Na penúltima vez, eu dei uma fugida de moto lá pela cidade. A imprensa foi logo atrás para saber se eu tinha habilitação ou não", ironizou. "Olha, eu não tenho habilitação para dirigir retroescavadeira, isso eu posso garantir para vocês. Mas motocicleta, eu tenho."

Bolsonaro também falou sobre o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para reforçar a segurança no Ceará. A medida, que autoriza o envio de membros das Forças Armadas ao estado, vai vigorar até 28 de fevereiro e atende a um pedido do governador Camilo Santana (PT).

O presidente aproveitou para defender um projeto de lei que enviou ao Congresso em novembro do ano passado para isentar de punição militares e policiais envolvidos em operações de GLO.

Ele afirmou que, após o Carnaval, vai procurar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para pedir que pautem o projeto.

"Em GLO, os militares têm que ter excludente de ilicitude. Ou seja, acabou a missão, eles vão para casa. Não está preocupado em receber a visita de um oficial de Justiça e depois responder, se for militar, se for uma auditoria militar, pegar até 30 anos de cadeia", criticou.

"É uma irresponsabilidade. Até 30 anos de cadeia nesse garoto que tem uma namorada, que tem um time de futebol, que tem uma vida social, que é um inocente. E que por estar com um fuzil, é atacado muitas vezes e reage. Vai que morre inocente, porque pode morrer inocente. De quem é a responsabilidade?"

Bolsonaro criticou ainda os defensores de direitos humanos, a quem chamou de otários que "ficam soltando pombinha na lagoa Rodrigo de Freitas, botando cruzinha na praia de Copacabana, abraçando um monumento qualquer, achando que, dessa maneira, o vagabundo vai se preocupar". "Ele só pode é morrer de rir desses otários aí", concluiu.

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