Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista ao canal RTP, que foi ao ar ontem (15) em Portugal. Lula pediu "um julgamento justo" e afirmou ser inocente em todas as acusações feitas contra ele. Segundo o ex-presidente houve um conluio entre o juiz, o procurador, a Policia Federal e a imprensa brasileira.
Questionado sobre o atual presidente, Lula afirma que considera Bolsonaro "muito despreparado politicamente" e salienta que se tivesse sido candidato à presidência teria sido eleito no primeiro turno.
Lula voltou a insistir na sua inocência e disse acreditar que foi "preso para não ser candidato à presidência da República" e que a sua "prisão é de cunho político. Aconteceu já no seio do pacote do ‘impeachment’ da presidente Dilma Rousseff".
Questionado sobre as denúncias do The Intercept, que revelou mensagens que Sérgio Moro, então juiz, teria trocado com procuradores da Lava Jato, parecendo colaborar com a acusação ao invés de manter a imparcialidade que lhe era exigida, Lula não se mostrou surpreso.
"Eu e os meus advogados já tínhamos falado disso antes. Há quatro pessoas que sabem da verdade neste país. Deus sabe que eu estou inocente, eu sei que estou inocente, o Moro sabe que estou inocente e o Dallagnol sabe que estou inocente. Eu quero um julgamento justo. Se provarem com provas materiais que eu cometi algum delito, eu me calo e cumpro a minha pena. Se não provarem, quero a minha liberdade e a condenação de quem errou", afirmou o petista.
Lula apontou ainda alguns dos motivos que levaram à sua prisão. "Estou convencido que isto aconteceu, primeiro, por interesses americanos na descoberta do pré-sal brasileiro, que é a maior descoberta de petróleo no século XXI; aconteceu por conta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos em convênio com o Ministério Público brasileiro e com Sérgio Moro; e aconteceu porque se o Lula fosse candidato a presidente, o Lula teria sido eleito presidente da República", enumerou Lula, acrescentando que "se tivesse sido candidato certamente tinha ganho as eleições no primeiro turno".
Entre as pessoas que pretende ver condenadas, há um nome que se destaca: Sérgio Moro, o juiz que o condenou e que é o atual ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, e a quem chama de "ídolo de barro".
"Enquanto há uma unanimidade para condenar o Lula, há uma unanimidade para transformar o Moro em herói. E eu quero provar que o Moro é o bandido", disse o ex-presidente.
Críticas a Bolsonaro e elogios a Antonio Costa
Perguntado como se mantém informado sobre o que se passa no Brasil, Lula afirmou que vê a televisão aberta e assiste aos jornais e recebe informações do que acontece no mundo.
No decorrer da entrevista, Lula fez várias críticas a Bolsonaro, que apelidou de "destruidor das coisas da democracia" no Brasil. Mas também afirmou que o presidente "é muito despreparado politicamente".
"Ele é uma pessoa que acha bonito ser mal educado, acha bonito ofender as pessoas, acha bonito ofender o presidente de França, ofender o presidente da Argentina, acha bonito se intrometer nas eleições de outros países. Ele fala de tudo menos do que se passa no país dele", declarou Lula. "Ele não está governando o país, ele está se preparando para vender o Brasil".
E foi numa referência à importância do crescimento econômico para o Brasil que Lula fez elogios ao trabalho desenvolvido pelo primeiro-ministro Antonio Costa em Portugal. "A única forma de fazer o país crescer é fazer o que o meu amigo Antonio Costa está fazendo em Portugal. Você não sacrifica o povo para contentar os ricos. Se tem uma forma de fazer o país crescer é distribuindo os recursos do país", avaliou.
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