O governador Rui Costa recuou na estratégia de partir para o confronto direto com o presidente Jair Bolsonaro. Se, há cerca de duas semanas, o embate público em torno da inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, rendeu espaço nos principais jornais do país, nas mais recentes críticas do presidente ao Nordeste, o que se viu foi um Rui discreto. O petista preferiu assumir uma postura mais contemporizadora, ao invés da disputa explícita por controle das narrativas em torno dos rumos políticos do Brasil. Enquanto isso, Bolsonaro seguiu sua metralhadora retórica, conversando com os próprios eleitores “de igual para igual”.
Para quem planeja uma ascensão em 2022, essa retração de Rui é ligeiramente incomum. O baiano é citado como um dos possíveis nomes do PT para o Palácio do Planalto e, naturalmente, aproveitaria qualquer oportunidade para ganhar visibilidade como um contraponto a Bolsonaro. Todos sabem que ambos não se bicam e não há republicanismo que permita que governador e presidente dividam o mesmo espaço sem troca de farpas. Porém, depois de um pico de exposição, parece que o petista mudou o rumo escolhido até então.
Foram diversas as oportunidades registradas do episódio do aeroporto até agora em que seria possível divulgar algum tipo de crítica a Bolsonaro. Até julho, também foi possível observar “estocadas” de Rui em Bolsonaro. Agora, parece que o governador prefere ser evasivo. O posicionamento mais claro nesse sentido foi registrado logo após a segunda passagem do presidente pela Bahia em menos de 15 dias. Naquela segunda-feira, Bolsonaro sugeriu que os governadores queriam transformar o Nordeste em “uma nova Cuba”.
A resposta veio nas redes sociais, mas com um tom muito mais brando. “Não tenho tempo para nutrir preconceito contra ninguém. Luto por uma Bahia, um Nordeste e um Brasil de igualdade e sem ódio”. Ou “Meus pais me ensinaram amor, tolerância e respeito ao próximo. Não abrirei mão dos meus valores por causa um problema conjuntural que o Brasil enfrenta hoje que é do ódio e da intolerância”.
Ambas, como se vê, têm um alvo muito bem definido, porém sem ser personalizado. Bolsonaro é o principal adversário político do grupo de Rui e, a partir do momento em que o presidente se comporta como candidato à reeleição, qualquer tentativa de minar sua influência política deve ser aproveitada. Por isso, a nova estratégia do governador baiano parece ser mais ponderada. No confronto de retóricas, até agora, Bolsonaro tem levado a melhor. O que não quer dizer que vai se sustentar nos mesmos níveis até o próximo pleito. Rui então vai testando qual a melhor forma de confrontá-lo. Às vezes, é preciso dar um passo para trás para dar para, em seguida, avançar dois para frente. As informações são do Bahia Notícia
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