O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse, ontem, que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem “ódio” do povo baiano. Ao justificar a decisão de não comparecer à inauguração do novo aeroporto de Vitória da Conquista, ele disparou: "Tenho orgulho de ser baiano. Tenho orgulho de ser nordestino. A Bahia e o Nordeste que deram tanta coisa boa para o Brasil. Infelizmente, temos um presidente hoje que odeia o Nordeste, odeia o povo baiano. Mas, infelizmente, tem pessoas, que mesmo perseguidas, são bajuladoras de quem maltrata. Eu não”, ressaltou, em entrevista à rádio Metrópole.
Rui disse, ainda, que Bolsonaro estimula o “racismo, o preconceito e discriminação”. “Um estadista, alguém que conduz a nação, tem que pregar a paz. Tem que pregar o entendimento, cooperação, amizade entre os brasileiros. Não pode pregar beligerância, guerra, preconceito, disputa. Isso só faz afundar o Brasil. Não ajuda a ninguém.
O mundo está perplexo com o que o Brasil está fazendo”, ressaltou. “Infelizmente, o presidente está agredindo constantemente vários segmentos da sociedade brasileira e os nordestinos, em particular, têm sido agredido sucessivas vezes. (...) Não é dado o direito nem a um prefeito, nem a um governador, e muito menos ao presidente da República de agredir a população. Nem estimular o ódio, a raiva, e o preconceito”, emendou.
O governador atribuiu o crescimento da violência às mulheres e LGBT a Bolsonaro. “Sabe o que cresceu este ano. A violência contra as mulheres. Por quê? Porque é legitimado pelo condutor principal da nação. Cresceu a violência homofóbica. Por quê? Porque é legitimado. Tem um dito que diz: quem planta vento, colhe tempestade. Quem planta amor, colhe amor e carinho”, pontuou. “Não acredito que ódio seja capaz de construir uma nação”, acrescentou.
Sobre sua ausência no evento, que teve a presença de Bolsonaro, Rui afirmou que o cerimonial da Presidência foi “rude, grosseiro e deselegante”. O governador disse que não aceitou participar da inauguração porque o povo foi excluído. “Eu não gosto de fazer evento para meia dúzia de pessoas. O povo precisa conhecer e comemorar a obra”, frisou. O chefe do Palácio de Ondina também justificou o motivo de proibir policiais militares na festa. “Não posso colocar a Polícia Militar para espancar o povo baiano, que quer conhecer o novo aeroporto. Quem é impopular e tem medo ir para as ruas, fica no seu gabinete. Se o evento é exclusivamente federal, as Forças federais cuidem da segurança do presidente. Não posso colocar PM para entrar em conflito com as pessoas que querem ver o aeroporto”, ressaltou.
“Quem é governante tem que enfrentar aplausos, beijos, mas tem que ter o ônus de, às vezes, enfrentar protesto. Isso faz parte da democracia. Não posso colocar a polícia para bater em quem quer protestar. Não permito invasão de prédio público. Eu boto a polícia e mando tirar. Agora, tá na porta do prédio protestando é um direito (...) Eu não boto Polícia Militar para cercar os meus atos de inauguração. Eu não tenho medo do povo. Eu não ando agredindo o povo. Pelo contrário, ando pregando carinho, afeto, valores de família”.
Rui descartou fazer uma segunda inauguração do aeroporto. "Não. Acho que não cabe fazer um evento paralelo”, frisou. No que concerne à reforma da Previdência, que foi aprovada em primeiro turno na Câmara, Rui disse que teve uma “vitória parcial”, já que conseguiu excluir alguns pontos do texto. O petista baiano reclamou de a reforma não ser, segundo ele, “justa”. “Se é para fazer sacrifício, o maior sacrifício tem que ser das pessoas mais ricas. Não pode penalizar as pessoas mais pobres”, salientou.
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