sábado, 22 de dezembro de 2018

É Natal. E então?

Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.E-mail: mari.benedito@outlook.com

“Então é Natal, e o que você fez? O ano termina e nasce outra vez.”

Eu acredito que essa seja a música mais tocada nessa época do ano e, confesso, gosto bastante. Da música e da época. Ela representa e simboliza muito bem a auto-observação, a autopercepção de nossas atitudes, comportamentos, padrões, ações. 

O Natal traz uma atmosfera diferente. Pelo menos, eu sinto dessa forma. As pessoas ficam mais sensíveis, mais emotivas, mais solidárias, mais empáticas. Fala-se mais em juntar pessoas, em perdão, em mudança de comportamentos, mudança de pensamentos. A gente fala muito em renovação. Aquela ideia de ciclo que se finda, um novo que se inicia logo ali adiante... e aí eu te pergunto, amadíssimo leitor: e então, o que você fez? 

Passando um filme, uma retrospectiva em sua cabeça, como foi o seu ano? Quais foram as suas atitudes, comportamentos, posturas? Quais ações foram legais, quais não foram? O que você plantou, regou, colheu? Quais hábitos deseja mudar? Quais hábitos deseja fortalecer? O quanto teve daqueles ataques de raiva e fúria? O quanto reclamou? O quanto fez fofoca, maledicência? O quanto você apontou o dedo para o outro, mostrando todos os defeitos e esquecendo de olhar os seus? O quanto mentiu? O quanto manipulou, o quanto enganou? E o orgulho, foi seu companheiro neste ano? Perdoou alguém? Pediu perdão? Mas eu acredito que as principais perguntas – e reflexões – são: primeiro, o que você aprendeu neste ano? Quais foram as lições, quais foram os entendimentos, compreensões? Quais aspectos de você mesmo foram identificados? Quais defeitos, quais sombras você conseguiu identificar? E, principalmente, o quanto você amou esse ano? O quanto você se doou, se entregou? O quanto você lutou por aquilo que acredita? O quanto você lutou pelo bem dos outros, por causas que não eram, diretamente, suas? O quanto você se entregou, de corpo e alma, a viver este ano da melhor maneira que você poderia? O quanto você SE amou? O quanto se colocou como prioridade? 

O novo ano está batendo na porta, já! A gente se firma muito nessa ideia de novo ciclo, nova oportunidade, nova possibilidade de colocar em prática o que desejamos, de fazer valer o que sentimos, o que buscamos. E só depende da gente. A minha vida ser bem vivida, só depende de mim. A sua vida ser bem vivida, só depende de você. Não adianta! A gente busca enumerar mil quinhentos e três motivos que nos distanciam de viver melhor, de ser melhor. Nos colocamos como vitimas o tempo inteiro, jogando culpas e mais culpas nos ombros de todo mundo; esquecendo que a responsabilidade é totalmente nossa! A gente pode não escolher o que acontece com a gente, mas escolhemos o que fazer com o que acontece com a gente. Isso é responsabilidade! Isso é assumir as rédeas da própria vida e se comprometer com a própria felicidade. Tudo isso me lembra uma frase de Rumi, um poeta sufi, que diz que a nossa maior tarefa aqui, neste planetão chamado Terra, não é buscar o amor, mas sim procurar e desfazer as barreiras que construímos contra ele dentro de nós mesmos. E isso, para mim, faz todo o sentido.

Acredito, sim, que a gente pode romper as barreiras da separação, da divisão, do desamor, do ódio todos os dias e a cada dia; desde que a gente se disponibilize a olhar para dentro de nós mesmos e a olhar nos olhos do outro, seja este outro um próximo bem próximo, ou um próximo mais distante. Cada um fazendo sua parte – por si e pelo todo – fazendo o seu melhor, sendo o melhor que pode ser e o que veio para ser. Porque não vale cobrar do outro aquilo que a gente não faz. 

É um novo ciclo! Que a gente possa se permitir a reflexão, o olhar, a busca. Que a gente se permita desconstruir, se renovar, se refazer, mudar de ideia, de opinião, de caminho. Evoluir! Largar a mão, de uma vez por todas, de Gabriela com sua síndrome de que nasceu assim, cresceu assim e vai morrer assim. 

Que a gente possa se vestir do Amor e do Bem, se alimentar de coragem, ânimo, esperança. Hoje e sempre! 

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