terça-feira, 6 de novembro de 2018

'Não sei se fez por mal, mas não tenho ressentimento', diz candidata do Enem eliminada por fiscal na Bahia

Simoni Oliveira, de 20 anos, foi eliminada  — Foto: Alan Oliveira/G1
Dois dias depois de ser eliminada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por conta de um mal entendido com uma fiscal de prova, em Salvador, a estudante Simoni Oliveira, de 20 anos, ainda está inconformada com o caso, mas não tem ressentimentos.

No último domingo (4), Simoni estava sem documento de identificação, mas teve a permanência na sala autorizada pela fiscal, que, em seguida, voltou atrás, tirou a jovem do local e não permitiu que ela fizesse o exame.

"Eu não sei se ela fez por mal, mas, se era realmente algo que não tinha jeito, por que ela me deixou entrar e depois me disse que não poderia mais fazer a prova? Mas, mesmo assim, eu não tenho ressentimento. Só fico chateada com a atitude dela. Ela deveria ser mais profissional, já que eles são orientados pelo Inep para lidar com a situação. Comigo ela não fez certo", disse.

A jovem conta que Rafael fez o exame em uma sala ao lado da dela. Quando a candidata foi eliminada, o marido já estava nos preparativos para fazer a prova. O momento era para ser vivenciado por ela também.

"Desde o começo do ano, antes mesmo de saber que estava grávida, eu planejei estudar e estava fazendo isso. Eu só descobri que estava grávida em março. Já estava com quase 4 meses. Mas continuei estudando com meu esposo. A gente estudava com videoaulas no YouTube, juntos. Ele fez uma boa prova, eu também faria. Vejo todo mundo corrigindo suas provas, vendo suas possíveis notas e eu não posso fazer isso", conta.

Simoni conta que esqueceu o documento porque teve uma manhã agitada com a filha, a pequena Aurora, que nasceu no dia 15 de outubro. Segundo a jovem, na correria para arrumar as coisas da criança, para deixá-la com uma tia, acabou não lembrando da identidade.

A jovem só percebeu que não estava com o documento ao chegar no local. Simoni diz que ainda cogitou voltar em casa para buscar a identidade, mas confiou na fiscal. A família mora no bairro Luís Anselmo, a cerca de 5 km do local de prova, e, segundo a jovem, daria tempo de buscar o documento.

"Poderia ter ido em casa. Meu esposo se ofereceu. Quando ela disse que não podia, não dava mais. Agora, estou triste e frustrada, porque a gente espera tanto tempo para fazer a prova do Enem, se prepara tanto para isso e, nos últimos minutos, eu soube que não poderia fazer", disse.

Tomada pelo arrependimento, Simoni teme não conseguir estudar tanto em 2019 quanto estudou neste ano para fazer o Enem novamente. A jovem conta que terá que se dividir entre o estudo, o trabalho e os cuidados com a filha.
Simoni carrega a filha Aurora — Foto: Alan Oliveira/G1
Simoni concluiu o ensino médio em 2016 e, atualmente, trabalha como auxiliar administrativa em uma corretora de seguros da capital baiana. Ela se inscreveu no Enem para ingressar em um curso de farmácia. Esta seria a segunda tentativa. Em 2017, a jovem fez o exame, mas a nota não foi suficiente para conseguir uma vaga. Leia mais no G1

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