terça-feira, 10 de julho de 2018

A BARRAGEM ESTÁ PRONTA! MAS, E AGORA?

Por Roberto José*
Estive recentemente na Barragem do Rio Colônia logo após sua “inauguração” parcial – pelo governador do Estado, o qual esteve acompanhado de um séquito de “cabos eleitorais” e políticos da região, alí fiz algumas reflexões, que eu compartilho com a população de Itabuna e região.

De fato, há muito o que comemorar com a inauguração dessa infraestrutura que vai subsidiar o abastecimento de água nos municípios da região central do Sul da Bahia. É uma luta de décadas, sem precisar falar que é uma demanda de centenas de anos, quando comparado a outras regiões do mundo que barram rios como tarefa inicial do desenvolvimento local. Mas chegou, e isso é ótimo!

Os ganhos são imediatos, com destaque para produção de estimados 62.670.695m³ de volume d’água, controle de enchentes em áreas ribeirinhas, vai diluir o esgoto lançado sem tratamento das cidades da bacia do Cachoeira, principalmente Itabuna, além da perenização do curso d`água e valorização imobiliária do entorno do espelho d`água da barragem, o que acarreta em atrativos econômicos…


Mas os cenários negativos que existem, também carece de olhares: a degradação ambiental da bacia hidrográfica do rio Colônia, o assoreamento do rio Colônia e a perda de capacidade de retenção de água, são os principais problemas que nos fazem pensar, assim, caso ações de sustentabilidade não sejam colocadas de imediato em prática, podemos em DEZ anos perder a capacidade de armazenar água pelo menos mais de 50% por assoreamento da barragem.
A visão sistêmica é o caminho para termos a barragem em operação por décadas. Nesse sentido, nós da Rede Sustentabilidade, além de esforços e políticas para manter a estrutura da barragem com qualidade, projetamos ações imediatas para a recuperação das nascentes e matas ciliares dessa bacia hidrográfica chave para o futuro do abastecimento em Itapé, Itaju do Colônia, Ibicaraí, Floresta Azul, Santa Cruz da Vitória, Barro Preto e Itabuna! Além disso, é importante que os governos, nas três esferas, incentivem que o agricultor e produtor de leite e carne da região, também sejam produtores de água, também o trabalho em curvas de nível para diminuir o carreamento de areia para os rios da região.

Ainda é importante ressaltar que, ter a barragem não significa ter água se não houver uma gestão hídrica eficiente com viés em gestão sistêmica. Nesse contexto, lembremos da crise hídrica sofrida no Estado de São Paulo, que contava com dezenas de barragens espalhadas em todo estado, todas trabalhando no volume morto, entre os anos de 2014-2016.
Por fim, com o corpo d’água se tornando uma realidade, agora temos um leque de possibilidades de ganho social: transporte fluvial, políticas de incentivo a pesca, carcinicultura (criação de camarões em viveiros), criação de peixes em viveiros, pagamento por serviços ambientais (PSA), construção de hotéis e pousadas, incentivo a pesquisa em reservatórios e projetos de crescimento econômico baseado em presença abundante de água, são alguns dos caminhos apontados para o desenvolvimento da região cacaueira!

* Geógrafo e Especialista em Planejamento de Cidades pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Especialista em Engenharia de Tráfego pela UNYLEYA – Brasília, é Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Graduando em Direito pela FTC Itabuna. Policial Civil do Estado da Bahia e tutor da Rede de Ensino à distância da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP). E pré-candidato a DEPUTADO FEDERAL pela Rede Sustentabilidade.

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