Segundo testemunhas, embora levasse uma vida aparentemente tranquila, Ícaro Vitor era envolvido com o crime, uma espécie de "tiro surdo", bandido que nunca foi preso
Um crime brutal, com requintes de pura perversidade, regado a vingança e muito ódio. Assim poderia ser definido o décimo segundo assassinato do mês de maio, registrado na noite de ontem (30), entre as 21 e 22 horas, em Itabuna. Foi na Rua Santa Rita, no bairro Maria Pinheiro, já próximo à Fazenda Gaúcha, zona rural da cidade, que o corpo do jovem Ícaro Vítor Reis, de 20 anos, foi encontrado no início da manhã dessa quinta-feira (31). O rosto estava desfigurado. Um dos braços praticamente decepado e, no corpo, uma rajada de tiros, disparados por armas “pesadas”.
Ícaro sabia que ia morrer. Gravou um áudio, momentos antes de sua morte, dizendo que estava prestes a ser executado. “E aí ‘vei’, eu vou morrer aqui ó, por causa de Pingo, Igor e Lázaro, que matou (sic) o cara lá, tá ligado? O Máscara. E que vocês também vai (sic) morrer tudo aí, viu?”. Essa foi a gravação amplamente espalhada nas redes sociais. Ao fundo, dá para ouvir que alguém dita as palavras que, em seguida, são repetidas pela vítima. Não demora muito, para que uma foto do rapaz, já morto, seja divulgada, também via whatssap.
Até os peritos se surpreenderam com a quantidade de tiros encontrada no corpo de Ícaro. Foram, aproximadamente, 50 disparos, segundo a perícia técnica. Só na região do abdome, foram contadas 18 perfurações; na cabeça, tinham por volta de 10, e no tórax, próximo ao pescoço, mais seis tiros. No local, foram recolhidas inúmeras cápsulas de pistolas calibres 380 e 9 milímetros.
E a crueldade dos assassinos não parou por aí. Os criminosos ainda tentaram degolar a vítima. Ferimentos profundos de faca e facão no pescoço indicam a atrocidade.
Nas juntas dos braços e antebraços também haviam cortes, que comprovam a tentativa de “despostar” o cadáver do jovem. Além disso, a cabeça do rapaz apresentava lesões graves, causadas por pedradas. Prova disso, é que várias pedras sujas de sangue foram encontradas na cena do bárbaro crime.
Quem era Ícaro
Ícaro Vitor era um jovem que trabalhava como vendedor em uma empresa de veículos. O crachá da firma, inclusive, foi encontrado junto ao corpo. Ele morava no bairro Monte Cristo. Ao que tudo indica, saiu do trabalho e foi levado para o arrasto. Vestia uma camiseta vermelha, calça jeans e calçava tênis.
Apesar de sua aparente vida tranquila e de um cara trabalhador, testemunhas relataram que Ícaro era envolvido com o mundo do crime, uma espécie de “tiro surdo”, ou seja, embora “aprontasse”, a vítima nunca havia sido presa e não possuía nem mesmo ficha criminal.
Os assassinos
Os assassinos, suspeita a polícia, seriam integrantes da facção criminosa DMP. Antes da execução, eles obrigaram a vítima a fazer o gesto "três" com a mãos, "marca registrada" da organização e registraram em fotos. Pelas imagens, dá para notar que o rapaz estava vestido com a mesma camisa com que foi encontrado morto.
Ícaro, por sua vez, pertencia ao Raio A. Ele aparece, inclusive, em várias fotos nas redes sociais, fazendo o gesto da facção da qual é membro, o dois.
Os criminosos anunciaram que mais mortes de rivais estão vindo por aí. Publicaram até uma foto, na qual marcam aqueles que seriam os futuros alvos. Os bandidos querem se vingar da morte de Máscara que, de acordo com eles, teria sido executado por "sócios' do Raio A.
Com o assassinato de Ícaro Vitor, Itabuna chega à marca dos 55 assassinos de 2018.