sexta-feira, 27 de abril de 2018

Os bastidores de um crime: quadrilha de São Paulo usava documentos de Itabunenses para comprar produtos que originam drogas sintéticas


Sete pessoas trabalhadoras, algumas aposentadas por idade, que levam uma vida simples, suada, mas com muita dignidade em Itabuna. Pessoas que viraram, da noite para o dia, criminosas, sem saber. Isso mesmo! Pessoas inocentes, que tiveram seus documentos roubados e usados por uma quadrilha de São Paulo, para a compra de materiais, sobretudo, produtos usados na confecção de drogas sintéticas. 

Os itabunenses, ao que tudo indica, não são as únicas vítimas dessa organização criminosa. Muitas outras devem estar espalhadas pelo estado ou até mesmo pelo país. Os “bastidores” desse “laboratório do crime” foram retratados numa matéria feita pela repórter Lorrana Magnavita e que foi ao ar nesta sexta-feira (27), no programa Balanço Geral, apresentado por Tom Ribeiro.
Resultado de imagem para delegado Marlos MacedoA repórter ouviu o delegado Marlos Macedo, titular da Delegacia de Tóxico e Entorpecentes, que esclareceu mais sobre essa modalidade de crime. Segundo ele, a quadrilha age por meio do CPF da vítima. A partir daí, os criminosos conseguem todas as informações necessárias para a elaboração dos documentos falsos. Esses documentos, por sua vez, são utilizados, como foi dito antes, para a compra de produtos químicos, base para a fabricação de drogas sintéticas. “A gente sabe e, inclusive, é noticiado quase todos os dias nos jornais, sobre pessoas que vendem dados. Então, com certeza, alguma outra quadrilha forneceu esses dados, até porque os endereços estão corretos”, explicou Macedo. 

De acordo com o delegado, as vítimas estão com os nomes vinculados a uma investigação criminal, uma vez que consta que todas elas fizeram compras de pneus no estado do Pará, quando a maioria, sequer, saiu da Bahia e, por consequência, estão com problemas na Receita Federal. “A quadrilha age adquirindo produtos em outros estados e em São Paulo”, reforçou o policial.

Como existem sete itabunenses com seus CPFs envolvidos no caso, a Polícia Federal de São Paulo enviou uma Medida Precatória, para que essas vítimas fossem ouvidas pela Polícia Civil de Itabuna, promovendo, assim, uma integração nas investigações. “A questão, agora, é descobrir quem usou esses dados. Lá na cidade de São Paulo, provavelmente, os documentos que estão no laboratório (da quadrilha) são documentos com dados das pessoas de Itabuna, mas a fotografia é do criminoso daquela cidade. Então, aí já tem um indicativo para que a polícia chegue à autoria desses fatos”, ponderou Dr. Marlos. 

Aposentado, 70 anos, e morador do bairro Sarinha Alcântara, seu Alfredo sofre com a situação em que se viu envolvido de uma hora para outra.  Só agora, ele descobriu que havia compras de substâncias químicas em seu nome. "Eu realmente não tenho nada a ver com essa situação", disse.

O delegado Marlos Macedo orienta a população para que, caso descubra um delito como este em seu CPF, comunique à polícia, para evitar prejuízos ainda maiores. “É muito difícil evitar casos assim, mas a partir do momento que se tem conhecimento, registre um Boletim de Ocorrência, que serve como prova de defesa, de que realmente usaram os dados dele, tanto para estelionato como, provavelmente, para o tráfico de drogas”, recomendou.

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