Pouco mais de um ano após tentar assassinar a ex-companheira, a golpes de faca, o trabalhador rural Adailton Bonfim dos Santos Souza foi condenado pela Justiça a 29 anos, sete meses e 17 dias de prisão. O crime ocorreu no dia 29 de outubro de 2024, no município de Itajuípe, sul da Bahia, e teve como vítima Jucileide Dantas da Silva.
O julgamento popular aconteceu na última terça-feira (11), quando o Tribunal do Júri acatou a denúncia do Ministério Público da Bahia (MPBA), sustentada pelo promotor de Justiça Marco Aurélio Rubick. A pena deverá ser cumprida em regime fechado. A denúncia havia sido apresentada em novembro de 2024, e o processo tramitou em tempo recorde: apenas um ano até a condenação definitiva.
De acordo com o MP, o crime foi cometido por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima, configurando tentativa de feminicídio qualificado. O ataque aconteceu após Jucileide decidir encerrar um relacionamento marcado por mais de uma década de agressões físicas e psicológicas.
Durante o julgamento, o promotor Marco Aurélio destacou o caráter brutal do crime e o histórico de violência doméstica sofrido pela vítima.
“É o retrato mais perverso daquilo que o machismo e a violência doméstica contra a mulher são capazes de produzir. É a história de uma mulher que, depois de mais de 11 anos de agressões, decidiu dar um basta — e, por isso, quase foi cruelmente morta”, afirmou o promotor.
As investigações revelaram que, dois dias antes do crime, Adailton — embriagado — já havia tentado agredir Jucileide, que conseguiu fugir com a filha para a casa de uma vizinha. No entanto, no dia 29 de outubro, ao tentar se mudar para longe do agressor, foi atacada com golpes de faca e punhal, na frente da própria filha, que ainda tentou impedir o crime.
Gravemente ferida, Jucileide foi submetida a cirurgias de emergência e chegou a sofrer três paradas cardíacas, mas sobreviveu.
A sentença foi proferida pelo juiz Frederico Augusto de Oliveira, que destacou na decisão que o réu agiu “movido por sentimento de posse e inconformismo com a legítima decisão da vítima de encerrar o relacionamento”, demonstrando “menosprezo pela dignidade feminina e desrespeito aos direitos fundamentais da mulher”.
Além dessa condenação, Adailton já havia sido sentenciado, em setembro de 2025, a 16 anos de prisão em São Paulo, por estuprar a filha da vítima em 2013, quando a criança tinha apenas dez anos de idade. Após ser libertado, fugiu para a Bahia, onde tentou matar Jucileide.
A Justiça considerou o caso um símbolo da luta contra a violência de gênero e reforçou a necessidade de punições rigorosas para crimes dessa natureza.